Moagem de cana na primeira quinzena de novembro registra forte retração

04/12/2024 14:56

Produção de açúcar e etanol também é impactada, enquanto vendas internas de biocombustíveis mostram recuperação

A moagem de cana-de-açúcar na região Centro-Sul enfrentou uma redução significativa na primeira quinzena de novembro. Foram processadas 16,46 milhões de toneladas, uma queda de 52,81% em relação às 34,88 milhões registradas no mesmo período da safra 2023/2024. No acumulado da safra 2024/2025 até o dia 16 de novembro, o volume processado chegou a 582,61 milhões de toneladas, representando uma retração de 2,24% em comparação com as 595,97 milhões de toneladas do ciclo anterior.

Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), 223 unidades produtoras estavam em operação na primeira metade de novembro, sendo 204 processando cana, nove dedicadas à produção de etanol a partir do milho e outras dez operando como usinas flex. No mesmo período da safra anterior, 237 unidades estavam ativas. Até o final da quinzena, 25 usinas haviam encerrado suas atividades, somando 65 unidades com moagem concluída desde o início da safra – número superior às 50 usinas que já haviam finalizado a operação no mesmo período do ciclo anterior.

De acordo com Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da UNICA, além das programações de encerramento, as condições climáticas adversas, como excesso de chuva, provocaram interrupções pontuais na colheita, reduzindo o ritmo de processamento em várias localidades do Centro-Sul.

Qualidade da matéria-prima apresenta leve alta

Apesar da queda na moagem, o nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana registrou um pequeno avanço. Na primeira quinzena de novembro, o índice chegou a 133,09 kg por tonelada, frente aos 132,26 kg no mesmo período da safra anterior, marcando um aumento de 0,63%. No acumulado da safra, o ATR médio foi de 142,31 kg por tonelada, alta de 1,22% em relação ao ciclo anterior.

Produção de açúcar e etanol reflete menor moagem

A produção de açúcar na primeira quinzena de novembro totalizou 897,53 mil toneladas, uma queda de 59,18% em relação ao mesmo período do ciclo 2023/2024, quando foram produzidas 2,20 milhões de toneladas. No acumulado da safra, a produção de açúcar soma 38,27 milhões de toneladas, redução de 3,04% em relação às 39,47 milhões do ciclo anterior.

Segundo Luciano Rodrigues, a redução não se deve apenas à menor moagem, mas também à menor proporção de cana destinada à fabricação de açúcar. “Na primeira metade de novembro do ciclo anterior, cerca de 50% da cana processada foi direcionada ao açúcar. Neste ano, esse percentual caiu para 43%.”

A produção de etanol também registrou queda na quinzena, totalizando 1,06 bilhão de litros (-34,04%). Desses, 608,08 milhões de litros foram de etanol hidratado (-38,80%) e 450,49 milhões de litros de etanol anidro (-29,51%). Contudo, no acumulado da safra, a produção total de etanol atingiu 29,92 bilhões de litros, com alta de 4,50%. O crescimento foi impulsionado pelo etanol hidratado, que subiu 12,01% no período, enquanto o anidro recuou 6,42%.

Uma parcela significativa da produção de etanol foi derivada do milho, com aumento de 17,18% na quinzena (327,87 milhões de litros) e de 27,02% no acumulado da safra, totalizando 4,82 bilhões de litros.

Vendas internas de etanol avançam

As vendas de etanol no mercado interno apresentaram crescimento expressivo na primeira quinzena de novembro, totalizando 1,45 bilhão de litros – uma alta de 13,30% em relação ao mesmo período da safra anterior. O etanol hidratado liderou as vendas, com 888,60 milhões de litros comercializados (+14,36%), enquanto o anidro somou 490,58 milhões de litros (+7,18%).

No acumulado da safra, as vendas internas chegaram a 22,32 bilhões de litros, alta de 14,36%. O volume de etanol hidratado comercializado cresceu 25,42%, atingindo 14,42 bilhões de litros, enquanto o de anidro apresentou leve queda de 1,51%, totalizando 7,90 bilhões de litros.

Rodrigues destacou que, apesar da expectativa de menor moagem, a oferta interna de etanol permanece robusta. “A eficiência crescente no mix de produção, a expansão do etanol de milho e a redução das exportações têm garantido o abastecimento do mercado interno e o aumento nas vendas do biocombustível.”

Créditos de descarbonização superam metas de 2024

No mercado de Créditos de Descarbonização (CBios), dados da B3 até 26 de novembro indicam a emissão de 38,20 milhões de créditos pelos produtores de biocombustíveis em 2024. O total disponível para negociação soma 29,23 milhões de CBios, considerando os títulos em posse de partes obrigadas, não obrigadas e emissores.

“Com os CBios disponíveis e os créditos já aposentados para cumprimento das metas, o Programa RenovaBio atinge sua meta integral para 2024, com um excedente de 4,02 milhões de títulos. Este resultado reflete o comprometimento do setor em promover a sustentabilidade e atender à demanda crescente por biocombustíveis”, finalizou Rodrigues.

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