Novo processo para melhorar a logística de colheita
A Canaoeste promoveu um encontro no mês de outubro entre produtores fornecedores associados e representantes da Biosev, com o objetivo de identificar quais pontos, de cada lado, precisam de atenção especial visando aos ganhos de sinergia, eficiência e, sobretudo, rentabilidade.
Representando o grupo de usinas, que só na área de abrangência da associação possui quatro unidades (Santa Elisa,MB, Vale e Continental), o diretor de originação, Gabriel Carvalho, iniciou a conversa ao ouvir dos produtores o que está mais desgastado no relacionamento.
Diversos presentes se manifestaram e levantaram muitos pontos como, por exemplo, a falta de abertura para a negociação em propriedades que estão muito próximas das unidades industriais, falhas de comunicação no relacionamento com o fornecedor (não se sabe quem procurar e aonde achar), pisoteio dos transbordos e pouca liberdade para opinar com a frente de colheita.
Contudo, todos os produtores apontaram a logística de colheita, mais especificamente o cumprimento de programação, como o maior deles. Sobre esse aspecto, vale ressaltar que foi também unânime a percepção de melhorias no sentido de qualidade do serviço.
Depois de ouvir a todos, Carvalho fez suas ponderações relatando os problemas que o grupo passou num passado recente como o travamento de caixa e as consequências da falta de planejamento. Levando eles, por exemplo, a fazer qualquer negócio para conseguir a quantidade de cana necessária que saciasse a fome das moendas.
Neste cenário, ele destacou como ponto de mudança a injeção de capital realizada pela Louis Dreyfus no ano passado, o que fez o conglomerado finalmente assumir o seu controle e ficar livre da presença de sócios minoritários. Desde então, está sendo colocado em prática um audacioso plano de melhoria da qualidade e rentabilidade em todas as fases de produção de açúcar, etanol e energia, tanto agrícola como industrial.
Nele, a empresa tem diversas frentes de atuação, tendo destaque, pensando na evolução da colheita, a questão de manter o foco nos canaviais que estão a uma distância sustentável das unidades industriais.
Dessa maneira, a ideia é dividir a área em blocos de colheita que terão uma frente para executar o trabalho ao longo de toda safra. Diante disso, como a separação será geográfica,
estarão no mesmo bloco canas de usina e de fornecedores. Então, para o processo dar certo, será necessária uma organização interna prévia, o que dará ao produtor o tão sonhado agendamento confiável do corte, mas demandará, de sua parte, a fidelização em contrato.
Outra mudança que a nova estratégia exigirá do produtor diz respeito à entrega da cana nos primeiros e últimos meses da safra, pois quanto mais ele conseguir desenvolver uma visão sistêmica da colheita e ser participativo dentro dela, com certeza o custo do CTT (corte, transbordo e transporte) irá cair.
É aí que entra a Canaoeste, pelo menos é assim que a Biosev imagina. Por ser uma associação independente de fornecedores de cana, a entidade é a mais indicada para tomar frente do projeto, representando os interesses de seus associados. E ela assumiu, através do pronunciamento do seu gestor corporativo, Almir Torcato, o compromisso de pelo menos estudar a viabilidade da proposta.
Além de repensar toda a logística de colheita, o projeto, que o executivo identificou como uma eliminação dos pontos de “distração” do processo produtivo, vai desde a venda de unidades industriais, como aconteceu com as do Nordeste, ao despojamento das áreas com distâncias totalmente insustentáveis da usina.
“Nossa lógica é que com menos áreas e menores distâncias conseguiremos dar mais foco aos tratos, aumentando assim a quantidade de cana por hectare”, disse Carvalho.
Outras ações citadas por ele estão o investimento em colhedoras novas (como já aconteceu para essa safra), a adoção de técnicas consagradas como rotação de cultura e meiosi no plantio e um projeto de georreferenciamento de 100% da área a ser colhida.
“Estamos fazendo nossa parte para evoluir e vamos retribuir quem se esforçar em ampliar a sua produção, retornando em adubação como a aplicação de vinhaça localizada, mas também cobrando menos pela colheita de quem tiver, por exemplo, a área com acesso razoável, sistematizada e com um elenco de variedades amigáveis ao trabalho das máquinas”, concluiu o executivo.
Fonte: Revista Canavieiros
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