Replantio de falhas agradece aos céus
Com o objetivo de gerar condições para que o canavial tenha um ciclo maior, fator fundamental para se elevar a rentabilidade da cultura, a prática do replantio em falhas é cada vez mais comum entre os fornecedores de cana.
Contudo, a grande parte dos que já praticam o manejo se restringe em trabalhar apenas nas bordaduras em decorrência do alto grau de complexidade que há em se executar o serviço no meio dos talhões.
Mediante a situação, mais uma vez a capacidade de adaptação do produtor foi testada, e vendo quem já está se aventurando dentro das linhas, não é absurdo nenhum dizer que, muito em breve, essa será uma prática comum.
Um exemplo dessa conduta vem do produtor da região de Barretos e Goiás, Cássio Furtado, que, ao lado do filho, Eduardo Toller Furtado, do valoroso time de profissionais e do apoio constante da Copercana e da Canaoeste, implantou uma metodologia de produção extremamente eficiente em cana-de-açúcar.
Para a bordadura não há nada de muito diferente do que já é praticado, o qual consiste no uso de um sulcador acoplado a um trator que entra em contato com o solo no início da safra e segue até chegar próximo do carreador.
Agora, para o miolo do talhão, Furtado incorporou uma máquina da construção civil que se adaptou perfeitamente a essa função no campo. Trata-se de uma carregadora compacta acoplada com uma valetadora, cujo vão livre é ideal para não machucar a cana. Lógico que numa fase apenas para despontar as folhas, pois seu braço é capaz de romper a resistência da palha, abrindo o solo num espaço apertado, um perfeito sulco.
No rasgo foi colocada uma cana inteira de variedades que se caracterizam por uma rápida brotação. Isso porque as plantas já alocadas na área precisam nascer fortes e bem perfilhadas para não terem o seu desenvolvimento prejudicado pelo sombreamento das vizinhas, mais velhas.
O trabalho descrito acima aconteceu no início de novembro, ou seja, o plantio pegou um regime de chuva e calor positivo, o que resulta num trabalho vegetativo intenso e em crescimento vigoroso, fazendo com que, já na metade de fevereiro, pouco mais de três meses depois, seu tamanho esteja bem próximo em comparação aos seus pares.
Traduzindo o trabalho em números, da área total da operação de Barretos (433 hectares) foram escolhidos para o replantio os 100 hectares mais antigos. Neles, foram utilizados dez caminhões com capacidade para oito toneladas cada e, sabendo que foram consumidas 6 toneladas por hectare, chega-se à conclusão de que haviam falhas em 13% da área produtiva.
Nessa conta também é necessário inserir o custo de mão de obra, cuja turma foi formada, em média, por 18 pessoas que trabalharam ao longo de 15 dias, número esse que, segundo o produtor, foi alto, pela necessidade de buscar as mudas em outra fazenda.