Safra 2024/25 de cana-de-açúcar é impactada por clima adverso

04/12/2024 14:50

Produção registra queda de quase 5%, enquanto exportações de açúcar atingem volume histórico

A produção brasileira de cana-de-açúcar para a safra 2024/25 sofreu uma redução significativa, alcançando 678,67 milhões de toneladas, conforme dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no terceiro levantamento no dia 28 de novembro. Esse número representa uma queda de 4,8% em relação à safra anterior. Apesar disso, a área destinada à colheita cresceu 4,3%, totalizando 8,7 milhões de hectares, evidenciando uma ampliação na extensão plantada. Ainda assim, a produtividade média recuou 8,8%, com projeção de 78.048 kg/ha.

As condições climáticas adversas, como baixos índices de chuva e altas temperaturas, especialmente nas regiões Centro-Sul, foram os principais responsáveis pela queda na produção. Essas áreas concentram 91% da safra nacional e também enfrentaram danos causados por queimadas nos canaviais, comprometendo o rendimento das lavouras.

Desempenho por regiões

A região Sudeste, que lidera a produção nacional, foi a mais afetada, com previsão de retração de 7,4%, alcançando 434,48 milhões de toneladas. São Paulo, maior produtor do país, será o principal responsável por essa redução, registrando queda de 35,24 milhões de toneladas. Embora a área colhida na região tenha crescido 5,7%, atingindo 5,39 milhões de hectares, a produtividade despencou 12,3%, com estimativa de 80.650 kg/ha.

Já o Centro-Oeste apresentou resultados mais positivos, com uma alta de 2,5% na produção, totalizando 148,62 milhões de toneladas. A área colhida aumentou 3,9%, chegando a 1,85 milhão de hectares, mas a produtividade caiu levemente, em 1,3%, para 80.451 kg/ha.

No Nordeste, a produção deve subir 2,2%, alcançando 57,72 milhões de toneladas, com 55% da colheita finalizada até novembro. Por outro lado, o Sul sofreu uma redução expressiva de 12,8%, totalizando 33,76 milhões de toneladas, devido à menor produtividade e área plantada. A região Norte, que responde por apenas 0,6% da produção nacional, terá um crescimento de 3,8%, com estimativa de 4,09 milhões de toneladas, e já completou 93% da colheita.

Produção de açúcar e de etanol

A produção de açúcar também foi impactada pela menor disponibilidade de cana para moagem. Estimada em 44 milhões de toneladas, a produção é 3,7% menor que na safra 2023/24. A queda é mais evidente nas regiões Centro-Sul e Norte, onde as usinas já estão próximas de encerrar as operações. Apesar disso, o Nordeste e outras áreas ainda seguem em moagem, mas o volume reduzido de matéria-prima tem limitado o total produzido.

Por outro lado, a produção de etanol total está projetada em 36,08 bilhões de litros, um aumento de 1,3% frente à safra anterior. Enquanto o etanol derivado da cana deverá recuar 2,8%, totalizando 28,86 bilhões de litros, a produção a partir do milho crescerá 22,1%, atingindo 7,22 bilhões de litros. Deste total, o etanol anidro responderá por 2,87 bilhões de litros, e o hidratado por 4,35 bilhões de litros.

Mercado internacional

Mesmo com a retração na produção, o mercado internacional segue aquecido para o açúcar brasileiro. Entre abril e outubro de 2023, foram exportadas 23,1 milhões de toneladas, um recorde histórico e aumento de 23% em relação ao mesmo período da safra anterior. As exportações geraram US$ 10,9 bilhões, mas o preço médio recuou 10%, impactado pela maior oferta de concorrentes como Tailândia, China e Índia.

No caso do etanol, as exportações caíram 25,3%, totalizando 1,08 bilhão de litros. A Coreia do Sul manteve-se como o principal destino, com 43% do volume exportado, seguida pelos Estados Unidos e pela Holanda, que somam 68% do total. Para os próximos meses, espera-se pressão baixista nos preços do açúcar no mercado internacional, enquanto o mercado doméstico deve manter preços firmes, sustentados pela boa demanda externa e pela redução da oferta interna.

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