Agricultura regenerativa: o futuro que já começamos a construir
A agricultura do século XXI enfrenta um paradoxo: precisamos produzir mais alimentos, fibras e energia em menos terra, sob condições climáticas cada vez mais desafiadoras. A instabilidade hídrica, as temperaturas elevadas e a ocorrência de eventos extremos colocam em xeque os modelos convencionais de produção. Nesse contexto, o conceito de agricultura regenerativa deixa de ser tendência e se torna uma urgência.
Mais do que preservar, é preciso regenerar. Isso significa adotar práticas que recuperem a saúde do solo, aumentem a biodiversidade e fortaleçam os ecossistemas agrícolas, garantindo, ao mesmo tempo, produtividade e sustentabilidade.
As mudanças no regime de chuvas, cada vez mais irregulares, comprometem o planejamento e a segurança produtiva. O aumento das temperaturas intensifica o surgimento de pragas e doenças, exigindo maior resiliência das culturas. Além disso, a degradação do solo e a pressão por uso responsável da terra reforçam a necessidade de novas estratégias de manejo.
Esses fatores exigem pesquisa, inovação tecnológica e políticas públicas alinhadas à realidade do campo. Mas também dependem de uma mudança de mentalidade: adotar práticas regenerativas não é custo, é investimento no futuro.
Entre as alternativas já consolidadas estão a rotação de culturas, o uso de cobertura vegetal, o manejo integrado de pragas e a aplicação de biotecnologia. Tecnologias digitais e modelos preditivos também têm papel essencial, permitindo decisões mais assertivas diante da imprevisibilidade climática.
Mas, para além do discurso, precisamos de exemplos concretos que mostrem que a transição é possível. É aí que a Canaoeste reafirma seu protagonismo com sua biofábrica de biodefensivos, uma iniciativa que une ciência, sustentabilidade e resultados práticos.
A CanaoesteBio
O programa CanaoesteBio já transformou mais de 70 mil hectares com o uso de biodefensivos, substituindo produtos químicos por microrganismos naturais de alta eficácia. A biofábrica, pioneira na região, produz soluções como o CanaBoveBio (à base de Beauveria), o CanaMetaBio (à base de Metarhizium), que combatem pragas sem agredir o meio ambiente e a partir de outubro, um bionematecida (à base de Bacillus amyloliquefaciens e Bacillus subtili), que será posicionado para aplicações estratégicas, incluindo corte de soqueira; aplicação em drench no período das águas; uso em suco de plantio, cobrindo a temporada já a partir da safra de 2026.
Com dois biorreatores e capacidade de 120 mil litros por ano, a unidade segue em expansão para ampliar ainda mais sua produção. Os resultados são claros:
desde que foi inaugurada, em 2023, a produção total da biofábrica da Canaoeste, alcança expressivo número de área de 65.590 hectares tratados biologicamente. Esse número representa uma economia de R$ 1,2 milhão para os associados da Canaoeste.
Além disso, a biofábrica integra-se ao programa SEMEIA, que já levou 20 associados à certificação Bonsucro, somando 1,3 milhão de toneladas de cana-de-açúcar produzidas de forma responsável.
Seja por meio da biotecnologia, da inovação genética com o CanaoesteFarm ou do estímulo à certificação, nossa missão é preparar o produtor para uma agricultura mais resiliente, regenerativa e lucrativa.
A agricultura regenerativa não é uma utopia. Ela já está sendo construída nos canaviais de nossos associados, que provam diariamente que é possível produzir mais e melhor, cuidando do solo, da água e do futuro.
Na Canaoeste, acreditamos que sustentabilidade não é discurso: é prática, resultado e compromisso. É assim que seguimos, regenerando hoje para garantir o amanhã.
Por: Almir Torcato, Diretor Executivo da Canaoeste – Associação dos Plantadores de Cana da Região Oeste do Estado de São Paulo.
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