RIDESA lança 18 novas variedades e confirma liderança genética da cana brasileira
Rede interuniversitária apresenta resultados do Censo Varietal 2024/25 e reforça protagonismo científico da pesquisa pública na bioenergia nacional
A Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (RIDESA Brasil) realizou nesta quarta-feira (22), em Ribeirão Preto – SP, o evento nacional de lançamento de 18 novas variedades de cana-de-açúcar, marcando um dos momentos mais importantes da história da rede. Os anúncios vieram acompanhados da divulgação de dados inéditos do Censo Varietal Nacional 2024/25, que confirmam o domínio das cultivares RB no campo brasileiro — responsáveis por 56% da área plantada e 54% da cana colhida na atual safra.
O levantamento mostra que as variedades desenvolvidas pela RIDESA ocupam o topo do ranking nacional, com três cultivares entre as mais plantadas do país. Criada há 35 anos, a rede reúne 10 universidades federais e mais de 300 bases experimentais, atuando de forma integrada com produtores e usinas para desenvolver soluções genéticas adaptadas a diferentes realidades regionais.
Pesquisas de longo prazo e ganhos expressivos no campo
As novas cultivares apresentadas foram desenvolvidas ao longo de 10 a 15 anos de pesquisa contínua, com foco em produtividade, longevidade e resistência. Segundo os pesquisadores, o ganho médio de rendimento em relação às variedades anteriores chega a 33,9%, com destaque para o alto teor de sacarose e a tolerância ao estresse hídrico, fatores que ampliam a eficiência industrial e reduzem perdas em períodos de seca.
Entre os principais lançamentos estão:
RB977526 (UFV) – Alta estabilidade de produção e tolerância à seca;
RB07814 (UFAL) – Precocidade, alta produtividade e caldo de baixa cor;
RB071071 (UFRPE) – Alta sacarose e excelente adaptação regional;
RB074046 (UFG) – Rápido crescimento e porte ereto;
RB075322 (UFSCar) – Variedade rústica, consolidada no Centro-Sul;
RB106893 (UFPR) – Recomendada para áreas de restrição ambiental;
RB128519 (UFRRJ) – Crescimento vigoroso e alta sanidade.
Ciência pública e inovação no centro do setor sucroenergético
A cerimônia de abertura da Liberação Nacional de Variedades contou com a presença do presidente da RIDESA e reitor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Josealdo Tonholo; do coordenador-geral da rede, Herrmann Paulo Hoffmann; da reitora da UFSCar, Ana Beatriz de Oliveira; e do presidente da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), Luiz Antonio Elias.
Tonholo destacou o impacto econômico e social do trabalho conjunto entre universidades e setor produtivo. “Esta é a maior liberação de variedades já realizada pela RIDESA, o que mostra a força da pesquisa brasileira e sua contribuição para um setor que representa 11% do PIB nacional”, afirmou.
Para Herrmann Hoffmann, a RIDESA é hoje um exemplo mundial de cooperação público-privada no desenvolvimento agrícola. “Além de inovação genética, o programa forma pesquisadores e transfere conhecimento, criando um ciclo virtuoso de tecnologia e sustentabilidade”, disse.
A reitora Ana Beatriz de Oliveira ressaltou o papel da pesquisa na construção de uma matriz energética limpa. “Essas variedades representam o compromisso das universidades com a produção sustentável e com o futuro da bioenergia, especialmente em um momento em que o mundo se prepara para a COP30, no Brasil”, afirmou.
Já Luiz Antonio Elias, da FINEP, reforçou o alinhamento entre ciência, inovação e desenvolvimento econômico. “RIDESA e FINEP estão na vanguarda de uma economia baseada em energia renovável. A universidade pública mostra, mais uma vez, que é capaz de responder aos desafios tecnológicos do país”, declarou.
Bioenergia, políticas públicas e sustentabilidade
A programação do evento incluiu uma mesa-redonda sobre políticas públicas para bioenergia, seguida da apresentação das novas variedades e de uma plenária sobre sustentabilidade e transição energética.
Os debates destacaram o papel do setor sucroenergético como vetor de desenvolvimento e a importância da diversificação genética para enfrentar as mudanças climáticas e os desafios da produtividade.
Com 55 anos de evolução das variedades RB, a RIDESA reafirma seu papel como base científica da canavicultura nacional, impulsionando ganhos técnicos, econômicos e ambientais. O lançamento das novas cultivares consolida a rede como referência mundial em melhoramento genético de cana-de-açúcar e reforça o papel do Brasil na liderança global da bioenergia limpa.



Compartilhe este artigo:
Veja também:
Você também pode gostar
Confira os artigos relacionados: