Itaú BBA aponta recuo nos preços globais de fertilizantes com normalização da oferta internacional
Mercado de ureia e fosfatados registra queda em setembro, enquanto potássicos têm leve alta; retorno da China às exportações pressiona valores
O Relatório Agro Mensal de Outubro do Itaú BBA mostra que o mercado global de fertilizantes iniciou um movimento de queda nos preços, refletindo a normalização da oferta internacional após meses de alta impulsionada por tensões geopolíticas. Em setembro, a ureia registrou recuo de 6%, encerrando o mês cotada a US$ 427 por tonelada nos portos brasileiros. Já os fosfatados acompanharam o movimento, com o MAP (fosfato monoamônico) caindo 4,8%, para US$ 690/t.
Por outro lado, o cloreto de potássio (KCl) apresentou leve alta de 0,7%, chegando a US$ 352/t, sustentado por uma demanda pontual na Ásia. A expectativa do banco é de que os preços globais sigam em trajetória de queda nos próximos meses, diante do aumento da oferta e da demanda mais contida nos principais mercados consumidores.
Oferta global se normaliza com retorno da China
De acordo com o relatório, o mercado de nitrogenados vem registrando melhora na disponibilidade, impulsionada pela retomada das exportações chinesas de ureia e pelo aumento dos embarques de sulfato de amônio (SAM). Esse movimento, somado à maior concorrência entre fornecedores, tem reduzido as pressões sobre os preços internacionais.
Na Índia, um dos principais importadores mundiais de fertilizantes, o mercado aguarda a próxima rodada de leilões de compra, que deve definir o comportamento da demanda até o fim do ano.
Nos fosfatados, o cenário também é de boa oferta global. Os preços elevados têm atraído produtores menores e mais eficientes ao mercado internacional, o que aumenta a competitividade e reforça a tendência de queda nos valores. Contudo, a baixa demanda deve limitar a presença desses produtores ao longo do quarto trimestre, ampliando a pressão para ajustes negativos.
No Brasil, usinas e distribuidores têm substituído o uso de fertilizantes de alta concentração por produtos mais acessíveis, como SSP (superfosfato simples) e TSP (superfosfato triplo), uma estratégia para reduzir custos diante do encarecimento recente dos insumos.
Potássio mantém estabilidade com demanda asiática
O mercado de potássicos permanece relativamente estável, com demanda internacional limitada e volumes concentrados nas compras de Indonésia e Malásia, voltadas à fertilização de plantações de palma. Apesar da leve valorização observada em setembro, o Itaú BBA avalia que os preços devem permanecer sob controle, com amplos estoques disponíveis e poucas perspectivas de retomada significativa da demanda global no curto prazo.
Brasil amplia importações e reforça posição no comércio global
No acumulado de janeiro a setembro de 2025, o Brasil importou quase 6% mais fertilizantes do que no mesmo período de 2024, reforçando sua posição como um dos maiores compradores mundiais de insumos agrícolas. O relatório destaca ainda o avanço das exportações da Rússia e da China, que ampliaram sua participação no mercado brasileiro.
A Rússia exportou 8,9 milhões de toneladas, um aumento de 12% na comparação anual, enquanto a China registrou salto de 60%, enviando 8,2 milhões de toneladas no período.
Com o equilíbrio gradual entre oferta e demanda e o retorno de grandes players ao mercado internacional, o Itaú BBA projeta que os preços dos fertilizantes devem seguir em queda moderada até o início de 2026. Essa tendência deve beneficiar os produtores agrícolas brasileiros, especialmente no momento de formação de custos para a próxima safra, contribuindo para maior previsibilidade e competitividade no setor.
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