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Governança corporativa avança no agro e reforça protagonismo do RH nas empresas

Profissionalização, sucessão estruturada e gestão de pessoas fortalecem a resiliência do setor e atraem capital ao campo

O agronegócio brasileiro, responsável por 24,1% do PIB nacional em 2024, segundo a CNA/CEPEA, vive uma transformação silenciosa e estratégica: a consolidação dos conselhos de administração. Antes restrita a companhias abertas, a prática se dissemina entre grupos familiares e empresas de médio porte, impulsionada pela busca por profissionalização, sucessão estruturada e maior acesso a capital. Levantamento da KPMG mostra que 71% das empresas brasileiras já contam com conselhos formais — e, no agro, o número cresce na medida em que aumentam as exigências por transparência, sustentabilidade e competitividade global.

O movimento ganha relevância em um cenário de maior exposição a riscos. Nos últimos anos, cresceu o número de produtores e empresas do setor em recuperação judicial em estados como Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Ao mesmo tempo, a sucessão mal planejada continua sendo uma das principais causas de perda de patrimônio e rupturas familiares. Casos como os do Grupo Morena – MT e da Sementes Ross – RS mostram que a adoção precoce de conselhos ajudou a planejar transições, reduzir conflitos e garantir continuidade.

Para Andriei Beber, conselheiro de companhias como Banco do Brasil, Tecnisa e Jotabasso, a governança é um sistema de antecipação. “Ela não elimina riscos, mas estrutura a organização para enfrentá-los com agilidade e legitimidade. Crises de liquidez, conflitos societários ou perdas por falhas em ESG são impactos que uma boa governança ajuda a mitigar. No agro, isso significa transformar volatilidade em resiliência e valor estratégico”, afirma.

RH ganha protagonismo

O fortalecimento da governança tem ampliado o papel estratégico do Recursos Humanos nas empresas do campo. Para Arlindo Moura, ex-CEO da Santa Colomba Agro e hoje presidente de seu Conselho de Administração, a governança só se sustenta quando o capital humano está preparado.

“Um conselho bem estruturado espera que o RH garanta integridade, cultura forte e continuidade na liderança. Sem sucessores prontos, valores claros e gente engajada, não há governança que se mantenha”, observa Moura, que também presidiu SLC Agrícola, Vanguarda Agro, Terra Santa e Kepler Weber.

Segundo especialistas, o RH deixou de ser uma área operacional para se tornar guardião da sucessão, da integridade e da cultura. Mudanças climáticas, escassez de talentos e a pressão por diversidade já fazem parte dos mapas de risco corporativos. “Governança não se impõe por norma; ela se traduz em práticas diárias, do código de conduta às avaliações de desempenho”, reforça Beber.

Disciplina de capital e diversidade

Entre os desafios da nova governança está o equilíbrio entre expansão e disciplina estratégica. Moura ressalta que conselhos atuam justamente para conter decisões impulsivas.

“É preciso evitar movimentos que comprometam o caixa ou elevem dívidas em momentos de volatilidade. A expansão só faz sentido se estiver alinhada à visão de longo prazo, a critérios de ESG e à sucessão familiar”.

Para Leonardo Massuda, vice-presidente MG-CO/NO da FESA Group, o conselho deve ser entendido como uma instância de estratégia, não de formalidade. “Um conselho que funciona não é o que apenas cumpre requisitos legais, mas o que ajuda a empresa a pensar o futuro, gerir riscos e desenvolver líderes. O agro precisa conciliar o ímpeto de expansão com disciplina de capital e cultura de integridade”.

A diversidade começa a ganhar espaço nas pautas dos conselhos. Pesquisa global da KPMG mostra que 72% dos conselheiros acreditam que a falta de diversidade prejudica a identificação de riscos estratégicos. No agro, cresce a presença de mulheres, jovens e especialistas externos em comitês e conselhos, ampliando o olhar sobre negócios e gestão.

Pauta permanente

A discussão sobre governança e conselhos de administração foi tema do painel “A importância da governança corporativa e conselho de administração para empresas, RH e negócios”, durante o XIII Encontro de RHs do Agro & Indústria, em Cuiabá. Com participação da FESA Regional Centro-Oeste, representada por Massuda, o debate reforçou que sucessão, disciplina de capital, gestão de riscos e desenvolvimento de talentos já compõem a pauta obrigatória das empresas que buscam perenidade e competitividade no campo.

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