Consultor destaca importância do manejo sustentável e o papel dos micro-organismos no controle de pragas e no fortalecimento das plantas

Os produtos biológicos estão assumindo papel central na busca por uma agricultura mais produtiva e sustentável. Essa foi a principal mensagem do professor e consultor Alexandre de Sene durante a reunião técnica “Manejo Biológico de Pragas na Cana-de-Açúcar”, realizada recentemente no Auditório Fernandes dos Reis, em Sertãozinho – SP, promovida pela Canaoeste.

Ao longo de sua palestra, Sene destacou que o uso de micro-organismos tem se mostrado decisivo para o aumento da produtividade e a resistência das plantas, especialmente na cultura da cana-de-açúcar. Segundo ele, a adoção crescente de soluções biológicas representa uma mudança estrutural no setor, capaz de reduzir custos, preservar o solo e elevar o desempenho das lavouras.

Azospirillum e o impacto sobre a produtividade

Entre os exemplos citados, o especialista destacou o Azospirillum, bactéria promotora de crescimento vegetal que tem apresentado resultados expressivos no aumento da produtividade e na eficiência do uso de nutrientes. Em solos menos férteis, a aplicação combinada de Azospirillum com nitrogênio tem potencializado os ganhos de produção; já em áreas de maior fertilidade, o uso isolado da bactéria proporcionou incrementos significativos, permitindo reduzir a dependência de adubos nitrogenados.

Sene explicou que, além dos ganhos agronômicos, o uso de biológicos contribui para a resiliência das plantas a condições de estresse hídrico, um aspecto cada vez mais relevante diante das mudanças climáticas. “Os biológicos vêm mostrando resultados consistentes não só no aumento da produtividade, mas também na resistência da cana à seca e a doenças”, afirmou.

Controle biológico no manejo de pragas

Outro ponto abordado foi o controle biológico de pragas de solo, como Sphenophorus levis e cigarrinha-das-raízes, responsáveis por perdas expressivas na canavicultura. De acordo com Sene, fungos entomopatogênicos como Metarhizium e Beauveria bassiana têm se mostrado eficazes no controle dessas pragas, desde que aplicados de forma precisa e em condições adequadas.

Ele alertou, no entanto, que o sucesso do manejo depende do monitoramento constante das infestações e da sincronia entre o ciclo da praga e o momento da aplicação. No caso da cigarrinha, que pode permanecer no solo por até dois anos, o controle inadequado tende a comprometer as safras seguintes.

Sene também chamou atenção para o uso crescente de tecnologias de aplicação aérea com drones, que, segundo ele, podem oferecer ganhos de eficiência de até 10% em relação ao método terrestre, desde que as condições climáticas sejam favoráveis.

Inovação e sustentabilidade como pilares

Durante sua exposição, o consultor ressaltou que o avanço das tecnologias biológicas representa uma oportunidade estratégica para o setor sucroenergético. “Os biológicos não são mais uma tendência, mas uma necessidade para garantir a sustentabilidade e a competitividade da agricultura brasileira”, afirmou.

Ele também destacou a importância de investimentos em pesquisa e em capacitação técnica para ampliar o uso eficiente dessas tecnologias. “O conhecimento sobre o comportamento das pragas, o momento correto de aplicação e a combinação adequada de produtos é fundamental para alcançar resultados consistentes”, observou.

Sene ainda abordou inovações em monitoramento digital, como armadilhas eletrônicas de longa duração e sensores de campo, que permitem acompanhar a dinâmica das pragas em tempo real e otimizar o manejo integrado.

Em sua conclusão, o especialista reforçou que as soluções biológicas representam o futuro da agricultura sustentável, associando produtividade, economia e responsabilidade ambiental. “Com o produto certo, aplicado na hora certa, o produtor consegue colher mais, gastar menos e cuidar melhor do seu solo”, resumiu.