Brocas e cigarrinhas: atenção!
Aumentar a produtividade agrícola é um desafio diário para o produtor de cana. Um dos fatores mais relevantes para alcançar esse objetivo é controlar as pragas da cana como brocas e cigarrinhas.
Aumentar a produtividade agrícola é um desafio diário para o produtor de cana. Um dos fatores mais relevantes para alcançar esse objetivo é controlar as pragas da cana como brocas e cigarrinhas.
A cana-de-açúcar é atacada por várias pragas. Na estação chuvosa, primavera e verão, têm destaque a broca da cana-de-açúcar, Diatraea saccharalis e a cigarrinha das raízes, Mahanarva fimbriolata. Estas são pragas muito danosas, capazes de comprometer seriamente a produtividade agrícola e a qualidade da matéria-prima se não controladas. Somente para exemplificar, com apenas 1% de infestação da broca, pode-se perder por hectare cultivado cerca de 800 kg de cana, 30 quilos de açúcar e 20 litros de álcool.
A broca da cana, Diatraea Saccharalis, é uma mariposa cujas larvas causam a morte da gema apical e danos no interior do colmo da cana-de-açúcar. A seca dos ponteiros, conhecida também como “coração morto”, pode ocorrer na lavoura, principalmente nas plantas mais novas. Através dos orifícios abertos pelas larvas, ocorre penetração de fungos dos gêneros Fusarium e Colletotrichum, que causam a podridão vermelha. As perdas causadas pela broca são altamente significativas e os índices de danos têm aumentado nas últimas safras. A ocorrência das lagartas da broca é mais frequente no início das chuvas (setembro/outubro), atingindo o pico populacional em janeiro/fevereiro, no verão. Existe a tendência de as populações diminuírem nos períodos frios e secos e aumentarem nos períodos quentes e úmidos, entretanto, pode-se encontrar lagartas na lavoura o ano todo. Para adotarmos práticas de manejo adequadas é muito importante conhecermos através de levantamentos de campo, o índice de intensidade de infestação de broca (II) e os níveis populacionais da broca no campo. Estes levantamentos são estratégicos porque subsidiam a tomada de decisão em relação ao controle.
As cigarrinhas das raízes (Mahanarva fimbriolata) devido à mudança do sistema de colheita para cana crua tiveram suas populações aumentadas. A infestação da cigarrinha-da-raiz é identificada pela presença de uma espuma esbranquiçada na base da touceira. As ninfas não sobrevivem sem esta proteção, não suportam os raios solares. Sendo assim, a colheita da cana-de-açúcar crua favorece o crescimento populacional das cigarrinhas porque o acúmulo de palha sobre o solo contribui para manter a umidade. O clima apresenta grande influência na dinâmica populacional. No período seco, pela ausência de umidade do solo, os ovos ficam em dia pausa. Com o início das chuvas, na primavera, pelo aumento da umidade e temperatura, ocorre a eclosão dos ovos, aumentando o número de indivíduos. Portanto, no período de outubro a março, devemos nos atentar aos levantamentos de campo com objetivo de monitorar as populações e obter informações para a decisão de controle.
A garantia do sucesso do manejo de pragas é o monitoramento através dos levantamentos de campo para detecção de populações infestantes. Enfatizando que a eficiência do controle da praga está associada ao monitoramento de campo bem realizado, controle imediato e aplicação bem-sucedida.
Como ferramenta estratégica de manejo, o MIP (Manejo Integrado de Pragas) é uma prática que integra o controle biológico, o controle químico, o controle cultural, o controle através do uso de armadilhas, feromônios etc. com o propósito de diminuir o consumo de agroquímicos, utilizando-os somente quando necessário de forma a evitar o uso indiscriminado, desta forma, minimizamos os impactos negativos, como por exemplo, a resistência de insetos, contaminação de pessoas e do meio ambiente.
Embora o controle biológico, através da aplicação de parasitoides, ser um exemplo de eficiência, principalmente para o controle da broca, através da liberação no campo da vespa Cotesia flavipes,outras práticas de controle podem ser adotadas de maneira integrada. O controle químico através da aplicação correta de inseticidas muitas vezes se faz necessário e pode ser associado ao controle biológico. Moléculas e ingredientes ativos modernos, seletivos e com baixa toxicidade para o Homem e seguros para o meio ambiente são soluções práticas para uma agricultura produtiva e sustentável.
Saliento que as pragas citadas são de grande importância devido aos prejuízos que têm causado à cultura da cana e são fatores limitantes para a produção. São pragas agressivas que devem ser monitoradas corretamente através de levantamentos de campo e controladas sempre que necessário para que os efeitos negativos sobre a produtividade agrícola e qualidade das matérias primas sejam minimizados e, consequentemente, a rentabilidade financeira não seja comprometida. É muito importante que o produtor fique atento e monitore as populações infestantes a fim de não atrasar o controle caso seja necessário.
Lembro que a Canaoeste possui equipe treinada e capacitada para monitoramento e levantamento de pragas no campo para atender aos produtores associados. Consulte nossa equipe técnica para maiores informações.
Alessandra Durigan – gestora técnica da Canaoeste