Programa de Boas Práticas e Certificações
Há tempos que a Canaoeste entende o tema de Boas Práticas Agrícolas como um caminho importante para garantir a permanência dos associados no mercado, com lucratividade e reputação. Todos os serviços prestados, bem como os departamentos da Canaoeste, direcionam o associado à sustentabilidade.
De fato, o associado da Canaoeste está sempre atualizado em relação ao setor sucroenergético. Desta forma, foi criado há um ano o Programa de Boas Práticas e Certificações, para canalizar os serviços da Canaoeste, orientar os associados e treiná-los de maneira que alcancem metas de sustentabilidade e consigam se certificar para obter vantagens perante o mercado.
O programa está no portfólio de serviços da Canaoeste, porém o serviço é oferecido de maneira diferente dos outros aqui explanados. Isto porque, a campanha do serviço é anual, ou seja, aqueles que se mostram interessados participam de uma reunião em que é apresentado o programa de Boas Praticas e Certificações, que deve ocorrer no terceiro quadrimestre de todos os anos, entre setembro e dezembro.
Nessa reunião explicamos as vantagens de empregar as Boas Praticas e obter a certificação Bonsucro. Explicamos que o associado certificará a área de cana-de-açúcar arrendada ou própria que esteja cadastrada na Canaoeste. Além disso, explanamos que ele obterá a certificação em grupo, ou seja, as áreas certificadas serão parte de um grupo maior de áreas pertencentes a outros associados. Isso acontece pois, obtendo a certificação por meio da Canaoeste, o associado utiliza os processos, serviços e documentações coletivas da Canaoeste. Os padrões da Bonsucro exigem diversos documentos e planos que estamos elaborando conjuntamente para todas as áreas que serão certificadas. Isso facilita a certificação, pois um documento representa todas as áreas de cana do grupo de certificação.
Após a reunião, os associados que ainda apresentarem interesse em participar do programa terão outra reunião agendada na Canaoeste para realização de um questionário, o qual é baseado no padrão Bonsucro de certificação e envolve os quesitos obrigatórios e os quesitos de melhorias contínuas das exigências da Bonsucro, abordando todos os temas: ambientais, trabalhista, manejo de resíduos, construções rurais, saúde e segurança etc.
Além disso, esse questionário nivela os produtores em dois grupos: Grupo Boas Práticas e Grupo Bonsucro. Aqueles que atingem notas acima de 60% estão no Grupo Bonsucro e os que estão abaixo de 59% estão no grupo Boas Práticas.
O grupo Boas Práticas recebe um diagnóstico do questionário e nele tem orientações sobre como estar conforme com os padrões Bonsucro e ainda recebe visitas para acompanhamento das melhorias, além de poder refazer o questionário anualmente, até que atinja nota para estar neste grupo.
O grupo Bonsucro recebe o diagnóstico do questionário e um plano de ação para estar conforme com o padrão de certificação. Além disso, recebem visitas mensais, instruções e treinamentos para se preparar para a auditoria da certificação, a qual ocorre sempre ao final de uma safra. Os associados que estão neste grupo devem se comprometer em cumprir o plano de ação. A responsável pelo programa tem um controle, e aqueles que não seguem o plano podem ser retirados do grupo Bonsucro para não penalizar a nota final coletiva.
Esta nota é obtida por meio de uma calculadora disponibilizada pela Bonsucro, e nela existem padrões que são obrigatórios e devem ser cumpridos em 100% e há os que podem atingir nota de 80%, porém com planos de melhorias futuras. Os associados devem alimentar esta calculadora todo mês durante pelo menos uma safra para obter certificação, ou seja, os dados são coletados de abril a março, todos os anos. Dentre estes dados estão: uso de diesel em todos os processos, produtos utilizados na lavoura, tipo de controle utilizado, qualidade da cana colhida, treinamentos etc. Existem dados quantitativos e qualitativos nesta calculadora.
Os associados que estão no grupo da Bonsucro passam por auditorias internas, e se forem aprovados, se submetem a uma auditoria de certificação. Quando as áreas forem certificadas podemos vender os créditos da cana certificada.
A venda de créditos ocorre em uma plataforma online criada pela Bonsucro. Cada tonelada de cana certificada equivale a um crédito. O valor do crédito varia de acordo com o mercado. Em 10/08/2022 ele está valendo U$0,18. Uma pergunta sempre surge por parte dos associados: Quem compra estes créditos? Existem empresas que são membros da Bonsucro e utilizam açúcar, álcool ou melaço produzidos de maneira sustentável, e elas veem vantagens nisso, como discutido na coluna de Boas Práticas desta edição. Ainda, há comprometimentos feitos por estas empresas em contratos globais para que seus produtos sejam mais sustentáveis. Quando falta açúcar, álcool ou melaço certificado para serem comprado, estas empresas compram os créditos de cana certificada. Ou seja, a venda de créditos não interfere na negociação do fornecedor com a usina, pois o crédito da certificação fica com ele para ser negociado.
É importante salientar que as toneladas produzidas por cada associado gerarão os créditos para o mesmo associado, a venda será coletiva, mas o associado vai receber exatamente pela sua parcela de contribuição. Como exemplo, o associado entregou 270.000 toneladas de cana em um montante de 1.000.000 de toneladas. Assim, se o crédito valer R$ 1,00/tonelada ele receberá RS270.000,00. A Canaoeste colocará os créditos para a venda na plataforma e, quando houver a venda, o associado receberá pelos créditos que contribuiu. Com o tempo é possível que surjam novos meios de negociações dos créditos e que sejam vantajosas para o associado, e a Canaoeste ficará, como sempre, atenta sobre isso.
Ficou interessado no Programa? Fique atento aos nossos meios de comunicação. As reuniões anuais sobre a certificação devem ser realizadas em breve. A sustentabilidade é um caminho sem volta, e sabemos que com a Canaoeste o caminho é mais curto.
Letícia Melloni – Especialista em Processos Agrícolas.