O Japão anunciou planos ambiciosos para aumentar a mistura de etanol na gasolina, estabelecendo a meta de E10 (10%) até 2030 e E20 (20%) até 2040. Essa decisão representa uma mudança significativa na política energética do país e abre espaço para uma maior importação do biocombustível, especialmente dos Estados Unidos.

Durante uma visita a Washington, o primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba destacou ao presidente Donald Trump que a ampliação das compras de etanol dos EUA pode ajudar a reduzir o déficit comercial entre os dois países. A notícia foi bem recebida por representantes do setor agrícola norte-americano, incluindo os estados produtores de milho, como Iowa e Nebraska, conforme publicação da Czarnikow, empresa global de gerenciamento da cadeia de suprimentos no setor de alimentos e bebidas.

Antes de 2018, o Japão dependia exclusivamente do etanol brasileiro para uso em combustíveis, devido à sua menor intensidade de carbono em comparação com o etanol de milho dos EUA. No entanto, a crescente demanda por biocombustíveis e a necessidade de reduzir emissões levaram o governo japonês a reconsiderar suas fontes de importação.

De acordo com o US Grains Council (USGC), que promove o uso de biocombustíveis no mercado internacional, essa nova política japonesa poderá criar uma demanda de até 1,2 bilhão de galões de etanol no país nos próximos anos. Atualmente, o mercado de etanol japonês é avaliado em cerca de 140 milhões de galões.

Ryan LeGrand, presidente e CEO do USGC, celebrou a decisão japonesa: “Aplaudimos o reconhecimento do Japão sobre os benefícios ambientais do etanol. O Conselho está pronto para apoiar o país na implementação dessas novas metas e na redução de emissões nocivas”.

Expansão do uso do etanol no Japão

A maior parte do etanol consumido no Japão é utilizada na forma de Ethyl Tertiary Butyl Ether (ETBE), um aditivo para gasolina. Em 2022, o país estabeleceu a meta de utilizar 824 milhões de litros de etanol como parte de seu esforço para reduzir a pegada de carbono do setor de transportes.

Além disso, o governo japonês já havia estabelecido a meta de que todos os veículos vendidos até 2035 fossem total ou parcialmente eletrificados. No entanto, atrasos na eletrificação da frota impulsionaram a necessidade de aumentar as misturas de etanol na gasolina como alternativa para a redução de emissões.

Tommy Hamamoto, diretor do USGC no Japão, reforçou que a entidade continuará promovendo o etanol no país: “Por meio de eventos e parcerias, como a conferência conjunta USDA/USGC, trabalhamos para garantir a adoção de misturas mais altas de bioetanol e consolidar o etanol de milho dos EUA como um componente essencial nas políticas energéticas japonesas”, afirmou.