Hedgepoint atualiza projeções para o mercado de açúcar com ajustes nas estimativas de produção e exportação

No final da semana passada, os preços do açúcar bruto apresentaram uma leve recuperação após a divulgação dos resultados da primeira quinzena de maio pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA). Segundo a Hedgepoint, empresa especializada em gestão de risco, inteligência de mercado, e execução de hedge para a cadeia de valor global de commodities, o relatório foi interpretado de forma mista, já que embora a moagem tenha alcançado 42,3 milhões, superando a média de cinco anos, o volume ainda está aquém da temporada 2024/25, com uma diferença acumulada de quase 20 milhões em comparação com o ano anterior.
Lívea Coda, Coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint, aponta que o maior atraso se deve à segunda metade de abril, que registrou um alto número de dias perdidos para moagem, além do fato de que a temporada 2023/24 teve um volume excepcionalmente alto de cana bisada, o que ajudou a impulsionar a moagem do início da temporada 2024/25.
O Açúcar Total Recuperável (ATR) ainda apresentou uma leve tendência de alta, embora permanecesse 5% abaixo dos níveis do ano passado. O mix de açúcar, por outro lado, teve um desempenho positivo, atingindo uma marca recorde de 51% na quinzena, o que ajudou a aliviar as preocupações com a qualidade da cana, principalmente no que se refere ao teor de açúcares redutores. Apesar disso, a reação do mercado foi cautelosa, já que o relatório da UNICA não trouxe grandes novidades sobre a saúde da safra, e a Hedgepoint optou por não realizar grandes ajustes nas estimativas de volume de cana até obter mais dados concretos.
Em suas projeções atuais, a Hedgepoint mantém uma estimativa otimista de 620 milhões de cana para o Centro-Sul brasileiro, com base no bom Índice de Saúde da Vegetação. No entanto, a analista Lívea Coda não descarta uma revisão para baixo desses números, caso a produtividade da safra continue prejudicada ou se as condições climáticas se deteriorarem. Embora os riscos de geada tenham gerado alguma preocupação, o impacto no mercado foi limitado até o momento, sendo necessário acompanhar de perto a evolução dessa questão. Além disso, a empresa alerta que o comportamento da demanda no Hemisfério Norte será um fator chave para determinar os movimentos futuros do mercado de açúcar.
Cenário de redução na disponibilidade de cana e seus impactos no mercado de açúcar
Em uma análise hipotética, a Hedgepoint considerou a possibilidade de uma redução de 15 milhões na moagem de cana, o que levaria o total para 605 milhões. Mesmo sem alterações no mix de açúcar ou no ATR, essa redução implicaria uma diminuição de aproximadamente 1 milhão na produção de açúcar, afetando diretamente a capacidade de exportação. Com isso, o superávit comercial acumulado também cairia em quase 1 milhão, o que poderia resultar em um mercado de açúcar mais apertado e com preços mais elevados, embora longe dos níveis de déficit observados em temporadas anteriores.
A analista reforça que, para que os preços do açúcar voltem aos níveis mais altos registrados em 2022/23, seria necessária uma deterioração mais significativa na disponibilidade de cana. Em termos práticos, isso significaria uma perda de até 45 milhão na estimativa atual para que ocorresse uma forte tendência de alta nos preços. Mesmo com a possibilidade de um cenário mais apertado no mercado, a Hedgepoint acredita que, se a demanda se mantiver estável, os preços do açúcar poderão ultrapassar a marca de 20c/lb, o que indicaria uma leve alta, mas sem grandes mudanças no longo prazo.
Além disso, a empresa observa que o cenário atual sugere que, mesmo com uma safra de cerca de 600 milhão, o Brasil ainda teria um excedente, o que poderia limitar o potencial de alta dos preços. Nesse contexto, a empresa destaca a importância de monitorar a demanda externa e as condições climáticas, tanto no Brasil quanto nos principais mercados consumidores de açúcar, como os países do Hemisfério Norte. A Hedgepoint adverte que, enquanto aguarda mais dados, manter uma postura cautelosa no gerenciamento de risco será fundamental para os investidores no mercado de açúcar.
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