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Etanol precisa conquistar apelo do carro elétrico, defendem representantes do setor

Evento em Ribeirão Preto reúne empresários, executivos e especialistas que reforçam papel estratégico do biocombustível, discutem tarifas com os EUA e projetam futuro do SAF e do biogás no Brasil.

O etanol brasileiro precisa se tornar tão atraente ao consumidor quanto os carros elétricos, que hoje dominam a agenda da mobilidade global. A afirmação é de Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), durante a Reunião Anual da Fermentec, realizada recentemente.

“O carro elétrico é sensual. O etanol precisa ser tão sensual quanto ele. O Brasil não pode abrir mão de sua maior vantagem comparativa: ser um grande produtor de biocombustível. O mundo caminha para uma diversidade de fontes, e nós temos todas as cartas na mão para liderar essa transição”, afirmou o economista.

Pires lembrou que o Brasil reúne um portfólio energético raro, com abundância de água, sol, vento, gás natural, petróleo, nuclear e biomassa. Para ele, o país não deve replicar modelos estrangeiros, mas construir sua própria estratégia. “O carro elétrico tem espaço, mas não pode ser prioridade de política pública. Nossa eletricidade precisa de investimentos para sustentar uma frota massiva. O etanol é solução madura, competitiva e limpa”.

O especialista elogiou a Lei do Combustível do Futuro, mas defendeu previsibilidade regulatória e política tributária clara para dar segurança aos investimentos.

Biagi pede comunicação forte e soberania energética

No evento, com discurso emotivo, o empresário Maurílio Biagi reforçou que o Brasil é o único país capaz de operar integralmente com combustíveis alternativos. “Se desligássemos os fósseis e usássemos só energia limpa produzida aqui, sustentaríamos o país. Nenhum outro tem esse potencial”.

Segundo Biagi, a cana é um ativo estratégico para soberania energética, pela eficiência na conversão de energia solar em carbono e pela integração com biomassa, etanol, biogás e eletricidade renovável.

O empresário citou o fechamento temporário da Usina Santa Elisa como exemplo de que falhas de gestão, e não de tecnologia, fragilizam o setor. Ele também criticou a adoção de ônibus elétricos em Ribeirão Preto, sem considerar o potencial do etanol e do biogás como vitrine mundial.

“Temos um produto excelente, mas não contamos essa história. Comunicação não é custo, é investimento. O etanol pode ser a marca do Brasil”, afirmou, defendendo uma campanha robusta para reposicionar a imagem do biocombustível.

“Etanol não pode ser moeda de troca”, alerta Figueiredo

O diretor comercial da Usina Alta Mogiana, Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, fez duras críticas às negociações tarifárias entre Brasil e EUA.

Segundo ele, há pressão para que o etanol seja usado como moeda de troca em disputas comerciais. Atualmente, a tarifa de importação é de 18%, alvo de lobby americano. “O etanol deles é de milho, diferente do nosso de cana. Além disso, o mercado de açúcar dos EUA é hiperprotegido. Como abrir o nosso sem contrapartida?”, questionou.

Figueiredo alertou que reduzir tarifas poderia deslocar produção para o açúcar, mas sem acesso garantido ao mercado americano. Para ele, a chance de ceder é mínima: “De zero a cem, é menor que 20%. O MME já entendeu que não faz sentido desmontar a tarifa”.

O executivo também defendeu estabilidade regulatória e criticou a interferência nos preços da gasolina. “Toda vez que o petróleo oscila, tenta-se segurar preço. Isso mina confiança. O Brasil é líder em etanol de cana e não pode transformá-lo em ferramenta de negociação. É ativo estratégico e parte da segurança energética nacional. E segurança não se negocia”.

Adecoagro aposta em biogás e diversificação

Durante participação no evento, a Adecoagro anunciou planos para quintuplicar sua produção de biogás, reforçando sua estratégia de diversificação. O vice-presidente de Açúcar, Etanol e Energia, Renato Junqueira Santos Pereira, informou que a geração de biometano passará de 6 mil para 35 mil m³ normais por dia, o equivalente a quase 15 milhões de litros de diesel por ano.

“Mesmo após a expansão, usaremos só 25% da vinhaça que produzimos, mostrando o potencial gigantesco”, disse.

A frota da empresa já conta com veículos leves a biometano, caminhões híbridos e até um trator movido ao combustível. O projeto, financiado pela Finep, também inclui diesel verde, exportação de etanol certificado e créditos de carbono avaliados entre US$ 150 e US$ 200 por tonelada.

Em movimento inovador, a companhia firmou parceria com a Tether para utilizar energia renovável na mineração de Bitcoin, como forma de diversificar receitas.

SAF: oportunidade histórica, mas com custos elevados

O SAF (combustível sustentável de aviação) também dominou os debates. Luiz Gustavo Diniz Junqueira, diretor da Usina Batatais, destacou que a demanda mundial pode crescer até nove vezes com a adoção do produto.

“Se apenas 10% do consumo global de querosene de aviação fosse substituído por SAF, seriam 40 bilhões de litros. Isso equivaleria a um mercado de 80 bilhões de litros de etanol. Uma pequena fatia já seria um avanço significativo para o Brasil”, disse.

Junqueira alertou, porém, para o alto custo do produto. “Nos EUA, ele custa mais que o dobro do querosene comum. Se essa diferença persistir, mesmo com mandatos, a aviação buscará alternativas. O SAF não pode repetir a história do etanol de segunda geração, que não deslanchou por causa do custo.”

O executivo defendeu políticas públicas, financiamento e reforma tributária para eliminar distorções, além de campanhas para valorizar a imagem do etanol. “Com 20 centavos por tonelada de cana em comunicação, mudaríamos a percepção de mercado”.

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