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Mercado global de açúcar equilibra pressões de oferta, demanda e comércio internacional

Análise da Hedgepoint aponta resiliência da produção brasileira, recuperação indiana e protagonismo da China nas importações

O mercado mundial do açúcar viveu fortes oscilações ao longo de 2025. Após iniciar o ano em 19,5 c/lb e atingir pico em fevereiro, em meio a incertezas sobre a safra indiana de 2024/25 e receios quanto ao desempenho da região Centro-Sul do Brasil em 2025/26, os preços cederam com a confirmação da robustez da produção brasileira.

Segundo Lívea Coda, coordenadora de inteligência de mercado da Hedgepoint, mesmo diante de desafios como produtividade e qualidade da cana abaixo do esperado, a moagem brasileira deve superar 600 milhões de toneladas, apoiada por um mix recorde voltado ao açúcar. Isso levou à estabilização dos preços em torno de 16,5 c/lb, embora a queda de junho (15,5 c/lb) não tenha se sustentado devido à demanda global consistente.

Durante esse período, especulou-se sobre possível redirecionamento de etanol no Brasil, mas a atratividade dos preços do açúcar em estados como São Paulo e Minas Gerais manteve o foco no cristal. No patamar de 15,5 c/lb, a China intensificou compras e se consolidou como principal destino do açúcar brasileiro entre maio e julho, aproveitando oportunidades de arbitragem para reforçar estoques.

A Hedgepoint projeta excedente global superior a 2,5 milhões de toneladas entre o 3º trimestre de 2025 e o 3º trimestre de 2026, um fator que deve manter viés baixista para os fluxos comerciais. Embora sazonalidades – como a entressafra brasileira e os baixos estoques de etanol – possam dar sustentação temporária, a tendência é de que a abundância da oferta limite altas expressivas.

Outro ponto de pressão é a Índia, onde exportações podem crescer significativamente caso o governo autorize novos volumes. Até o momento, 2 milhões de toneladas já foram solicitadas. Esse cenário reforça uma perspectiva de preços contidos, com pouca probabilidade de retomada acima de 20 c/lb no curto prazo, salvo eventos climáticos extremos ou mudanças bruscas nos fundamentos de oferta e demanda.

Brasil NNE: Cana mais abundante e investimento no mix

Na região Norte-Nordeste, a produção de açúcar da safra 2024/25 alcançou 3,75 milhões de toneladas, com moagem de 58,4 milhões de toneladas de cana e ATR de 132 kg/ton. Para 2025/26, pesquisa da Hedgepoint indica moagem próxima de 60,6 milhões de toneladas, quase 4% superior, alinhada com estimativas da Conab.

Apesar de chuvas acima da média que podem reduzir ligeiramente o ATR, a maior disponibilidade de cana e investimentos no processo de cristalização devem sustentar o aumento da produção para 3,9 milhões de toneladas de açúcar e 2,2 bilhões de litros de etanol de cana. Com a expansão da capacidade do etanol de milho, liderada por grupos como a Inpasa, o volume total pode alcançar 2,75 bilhões de litros.

Índia: Perspectiva de recuperação após safra frustrada

Em 2024/25, a Índia produziu cerca de 30 milhões de toneladas de açúcar bruto, com 3,4 milhões destinadas ao etanol, resultando em 26,1 milhões líquidos. As exportações ficaram em 800 mil toneladas, com outros 200 mil em potencial transferência para a próxima temporada.

Para 2025/26, chuvas favoráveis em maio reforçaram o solo e sustentam estimativas mais otimistas: projeção da ISMA aponta para 35 milhões de toneladas brutas, com 4 a 4,5 milhões de toneladas desviadas ao etanol, resultando em até 31 milhões líquidos. A Hedgepoint ajustou sua projeção de exportações para 1,5 milhão de toneladas, considerando pedidos já feitos ao governo.

Tailândia: Produção em expansão, mas risco fitossanitário no horizonte

A safra 2024/25 tailandesa alcançou 10 milhões de toneladas de açúcar, apoiada por moagem de 92 milhões de toneladas de cana, 85% delas frescas. As exportações, que chegaram a 3,57 milhões de toneladas em junho, devem encerrar a temporada em cerca de 6,7 milhões.

Para 2025/26, a previsão é de 100 milhões de toneladas de cana, embora riscos de doenças fúngicas possam limitar o crescimento. As condições climáticas, no entanto, seguem positivas, com chuvas acima da média projetadas para setembro e outubro.

China: Estoques estratégicos e aumento nas importações

A produção chinesa de 2024/25 foi de 11,16 milhões de toneladas, resultado de uma área plantada maior, apesar da leve queda de produtividade. O país importou 740 mil toneladas em junho, recorde para o período, reforçando seu papel central no equilíbrio global do mercado.

A estimativa oficial do Ministério da Agricultura elevou as importações previstas de 4,75 milhões para 5 milhões de toneladas em 2024/25, incluindo 4,6 milhões de açúcar bruto e pelo menos 1 milhão em xarope equivalente. Considerando contrabando e oscilações sazonais, o déficit de importações pode chegar a 11%.

Para 2025/26, a Associação de Açúcar da China projeta produção de 11,2 milhões de toneladas, com produtividade levemente superior e importações estáveis, permitindo um acúmulo de estoques próximo de 1 milhão de toneladas.

Perspectiva global

Com uma produção brasileira resiliente, recuperação das safras asiáticas e importações firmes da China, o mercado mundial de açúcar segue pressionado pelo lado da oferta. Embora a demanda siga consistente, o excedente projetado até 2026 aponta para preços contidos, a menos que fatores climáticos ou políticos alterem o curso da temporada.

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