Nematoides desafiam agricultura e ampliam riscos para a produtividade

Impacto econômico da praga e soluções inovadoras em manejo e nutrição são destacados em evento
Os nematoides, vermes microscópicos que atacam as raízes das plantas, vêm se consolidando como um dos maiores entraves da agricultura moderna. Ao sugar a seiva e causar lesões, prejudicam a absorção de nutrientes, facilitam a entrada de fungos e bactérias e reduzem drasticamente o desempenho das lavouras. O impacto econômico é expressivo: em uma área de batata de 300 hectares, com potencial de receita de R$ 115 milhões, a infestação por nematoides de galha gerou perdas de R$ 94 milhões, além de custos extras de R$ 21 milhões.
Durante o Conexão Cana 2025, realizado recentemente em São Pedro – SP e promovido pela AgroCiência, o tema foi amplamente debatido. O professor e consultor da UNESP/FCAV, Pedro Soares, mostrou casos alarmantes em culturas diversas: 100% de infestação em cenoura, perdas de até 250 mil sacas de soja no Paraguai, destruição de radicelas em café mineiro e impacto no algodão, com queda de produtividade e qualidade da fibra. Na cana-de-açúcar, a associação dos nematoides com estresse hídrico reduziu a produtividade em até 30%. Em análises de campo, foram identificados até 180 mil nematoides de galha em 10 gramas de raiz entre março e abril, explicando a gravidade do problema.
O especialista ressaltou que diagnóstico precoce, rotação de culturas e manejo integrado são fundamentais, já que os nematoides podem comprometer de 20% a 50% da área produtiva. Entre as espécies, o Meloidogyne javanica é o mais agressivo, multiplicando-se em até dez vezes em apenas 30 dias. Em Pontalinda – SP, uma área de pasto convertida em cana registrou apenas 17 toneladas por hectare no primeiro corte, devido à infestação severa de Pratylenchus zeae. A interação desses nematoides com fungos, como o fusário, agrava ainda mais a situação, configurando um “casamento” destrutivo para as lavouras.
A Canaoeste esteve presente no encontro, representada por André Bosch Volpe (Gestor Operacional de Bioprodutos), Eduardo Molina Neto (Técnico Agronômico) e Felipe Furlan Volpe (Engenheiro Agrônomo). Para a equipe, o evento reforçou a relevância dos bioestimulantes e novas tecnologias para garantir maior produtividade e longevidade dos canaviais. “O Conexão Cana é sempre muito importante para o setor, pois reúne especialistas com conteúdo atual e integrado, fundamentais para compartilhar com nossos associados”, afirmou André Volpe.
Eduardo Molina Neto destacou que o objetivo central está na capacitação profissional: “Discutimos condições de lavoura, controle de pragas e doenças, fertilidade e cases de sucesso. A troca de experiências e o acesso a novas tecnologias são vitais para enfrentar os desafios atuais”. A presença da Canaoeste reafirma o compromisso da entidade com a sustentabilidade e a eficiência no manejo agrícola, alinhando ciência, inovação e prática no campo.



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