Canavial arquitetado
Arquiteta e produtora desenvolve a lavoura com linearidade e extrema organização
Uma característica da arquitetura é a capacidade de entender os detalhes e criar soluções para que estes se tornem viáveis ao projeto. Como arquiteta experiente, Beth Stamato, tem desenvolvida essa capacidade, levando-a há quatro anos aos canaviais, quando assumiu a gestão da fazenda da família.
Contudo, em decorrência de quase nenhum conhecimento com a matéria, ela diz que às vezes se perdia para chegar até a fazenda, sendo necessária a busca por ajuda.
Uma espécie de braço direito nesse sentido foi a Canaoeste, através do atendimento do engenheiro agrônomo André Volpe, que além de prestar orientação técnica, ajudou a organizar os números para a melhor gestão da operação.
A união de uma mente agronômica com uma arquitetônica rendeu um trabalho extremamente organizado. Cada passo, desde o início num canavial envelhecido, foi pensado para chegar ao auge de produtividade possível na propriedade.
Tudo sem milagres, mas respeitando o tempo certo. O pontapé foi uma reforma de 28 hectares numa propriedade de 670 ha. No ano posterior (plantio de 2018) foram 31 ha. Em 2019, a quantidade foi muito maior, sendo 93 hectares numa área com um projeto de sistematização exemplar.
Tendo como objetivo renovar o canavial sem perder o seu fluxo de receita, foi arquitetada uma reforma das áreas de menor produtividade em um período de dois anos de tal modo que o ganho de peso dessa produção cobrisse em parte a falta de renda gerada pelo plantio na colheita de 2019.
Porém, a partir do ano que vem, com a cana rendendo mais, ela conseguirá equilibrar novamente as entradas a ponto de permitir uma reforma anual de 60 ha, já colhendo ganhos de produtividade em decorrência do ganho de área com o projeto de sistematização.
Falando no projeto, cabe ressaltar que o objetivo do trabalho foi pegar uma área com o desenho dos talhões totalmente quadriculados e desuniformes, e refazê-los com tiros de até 1,8 mil metros, fazendo com que a área total saísse de 86,27 ha para 93,77 ha. Esse ganho se deu pela eliminação de carreadores desnecessários e adequação do relevo, onde foram tiradas as antigas curvas de nível.
Em sua estratégia também foi pensada a entrada e saída dos carreadores para que as máquinas manobrem menos e com isso não atropelem e danifiquem as soqueiras.
Hoje, atendida pelo agrônomo Felipe Volpe, que assumiu o escritório de Bebedouro depois que André foi para Sertãozinho, a produtora já se sente mais segura no comando da operação. “Quando entrei parecia um abismo, hoje conheço toda a relação de produtos e negocio minhas compras”.
“A vantagem que tenho em ser arquiteta é que mantenho minha mente aberta a mudanças, aliada à exigência de acompanhamento que minha profissão sempre teve. Com isso, desde que assumi o desafio, recebi as mudanças propostas pela Canaoeste e inseri em minha rotina visitas e um sistema de comunicação onde consigo saber de tudo que está acontecendo de maneira constante. Acredito que estou conseguindo vencer o desafio”, conclui Beth.
Escrito por: Marino Guerra – Revista Canavieiros.