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Essencial aos produtores na RJ do Grupo Moreno

reunião de recuperação judicial

No dia 27 de setembro, fornecedores de cana e o corpo administrativo do Grupo Moreno se reuniram no auditório da Canaoeste, em Sertãozinho (SP), com o objetivo de iniciar as conversas sobre como deverão ser conduzidas as questões do pedido de Recuperação Judicial, solicitado pela empresa na metade do mês de setembro.

Na ocasião, o representante da Pantalica Partners (consultoria especializada em reestruturação financeira contratada pelo Grupo Moreno), Bruno Carvalho, explicou os procedimentos que serão seguidos em decorrência da situação.

O principal ponto é que os fornecedores de cana e parceiros que emitiram notas fiscais antes do dia 19 de setembro só receberão após ser aprovado o plano de recuperação, que tem a previsão de durar seis meses.

O profissional também acenou que será considerado como estratégico, no plano, os fornecedores de cana que continuarem a parceria com a empresa. Isso mostra ao grupo de credores que, por serem considerados parte fundamental para a continuidade do negócio, será permitido aos fornecedores ter um fluxo diferenciado de pagamento, podendo os débitos serem quitados no menor tempo possível, a depender da geração de caixa da companhia.

Representando o Grupo Moreno, o consultor Bruno Carvalho explicou os procedimentos de um processo de recuperação judicial dos produtores associados

Contudo, aqueles que optarem por não fornecer matéria-prima e são credores irão praticamente para o fim da fila de recebimento, podendo ver a cor do dinheiro num prazo muito maior. Em alguns casos de unidades que passaram por caso semelhante, há produtores na mesma situação que demoraram mais de dez anos para receberem.

Para os agricultores que entregarem a cana a partir do dia que a empresa entrou com o pedido de recuperação judicial, os pagamentos serão feitos na data estabelecida em contrato.

Caso contrário, os fornecedores poderão entrar com pedido de falência da companhia.

Retratando o interesse de 50 fornecedores associados que trabalham com a unidade de Luiz Antônio-SP, a Canaoeste, através da sua equipe multidisciplinar (que além do aparato jurídico também envolve a produção de laudos técnicos e periciais com o objetivo de garantir a transparência no processo), é a maior representante destes agricultores, tendo como função ser uma ferramenta de interlocução entre as partes, fazendo com que todo o projeto de planejamento da recuperação (que tem até o dia 19 de novembro para ir à votação) seja acompanhado de perto.

Na reunião, os representantes do Grupo Moreno também falaram sobre os motivos que levaram a companhia a esta situação, mostrando que o alto grau de endividamento bancário, que representa 90% do montante, foi o principal fator desencadeador.

Outro problema é o baixo preço do açúcar que padece há pelo menos dois anos com valores que mal remuneram o custo de produção, visto que boa parte da configuração industrial é destinada à produção do alimento. Além disso, há o fato do grupo não cogerar energia, impedindo o seu acesso a um importante mercado.

Embora o cenário seja demasiadamente grave, na reunião foram apresentados elementos que mostram a possibilidade de recuperação da empresa, já que seus ativos são maiores do que o valor da dívida.

É neste aspecto que está, segundo opiniões de diversas fontes do mercado, o fato que seria o melhor dos mundos: a venda das unidades de Monte Aprazível e Planalto, o que alavancaria as contas da empresa e permitiria a sua saída dessa situação.

Essa conjuntura pode acontecer em decorrência do forte burburinho no mercado sobre a informação de que o grupo chinês Cofco estaria de olho na operação da empresa localizada no Oeste Paulista.

Ao final, a grande mensagem passada pela empresa é de que eles precisam dos fornecedores de cana para não falirem. Fato esse que seria o pior cenário para o recebimento das notas em aberto, no aspecto social (devido à quantidade de empregos que seriam perdidos e à queda da atividade econômica nos municípios menores que a circundam) e, principalmente, ao observar a localização estratégica da usina de Luiz Antônio -SP, que, ao sair do mapa, diminuiria consideravelmente a concorrência por terra, acarretando em depreciação do seu valor.

Sendo assim, a posição por permanecer, que embora seja muito amarga, principalmente aos que ficaram sem receber e terão que se virar para honrar os compromissos da safra deste ano, é a mais sensata. Isto, se um fato novo não acontecer, pois como disse o produtor de Cravinhos, Daniel Aníbal, “o momento é de serenidade para analisar os dois lados antes de tomar qualquer decisão”

Escrito por: Marino Guerra
Fotos: Rodrigo Moisés

Fonte: Revista Canavieiros

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