A Síndrome do Murchamento da cana é mais uma a integrar a lista de preocupação dos produtores, no combate às pragas e doenças que afetam o canavial. Quando ela se manifesta, provoca o surgimento de colmos murchos nas plantações.  

Segundo Alessandra Durigan, gestora técnica e engenheira agrônoma da Canaoeste, “essa doença tem causado reduções significativas na produtividade de colmos e no teor de ATR (açúcar total recuperável) em algumas áreas, dependendo da variedade e da região”.

Além dos impactos na produção, a síndrome afeta também a qualidade da matéria-prima.  O Programa Cana do IAC (Instituto Agronômico) está conduzindo estudos em parceria com o Centro de Pesquisa em Engenharia-Fitossanidade em Cana-de-açúcar (CEPENFITO), na Unesp, com apoio da FAPESP e do Grupo São Martinho para encontrar soluções para esse problema.

A síndrome do murchamento tem se manifestado de forma crescente em diversas regiões produtoras do Brasil, atingindo muitas variedades de cana.   Os sintomas, como colmos murchos ou secos, podem ser indicativos de várias doenças, incluindo ataques de cigarrinhas das raízes (Mahanarva spp.) ou fungos, como Colletotrichum falcatum, Phaeocytostroma sacchari e Fusarium spp.

Pesquisadores, como Ivan Antônio dos Anjos do IAC, Prof. Antônio de Goes da Fitopatologia/Unesp e equipe estão focados em entender as relações entre os fungos presentes e esses com a planta e o ambiente, pois as infecções podem ocorrer de forma isolada ou em coinfecções.  

A presença recorrente do fungo P. sacchari em colmos murchos tem sido observada, e seus sintomas incluem descoloração da casca, perdas de ceras, coloração marrom glacê interna nos colmos e, em estágios avançados, entrenós avermelhados com cheiro de fermentação.

Já colmos com murcha de Colletotrichum, internamente apresentam bandas brancas transversais, contrastando com a coloração vermelha intensa. Externamente observa-se pontuações negras, as quais são as “setas”, componentes da estrutura de reprodução.  

Os pesquisadores alertam que os sintomas e as perdas aumentam consideravelmente com a maturação dos colmos, especialmente nos terços finais da safra no Centro-Sul. A antecipação da colheita é recomendada como medida para mitigar perdas nas áreas afetadas pela doença.  Enquanto a pesquisa busca soluções eficazes, o que pode não ser tão brevemente, a colheita antecipada é a única medida eficaz até o momento. Apesar de tentativas com fungicidas químicos, biológicos e diferentes adubações, ainda não foram identificados tratamentos eficientes e variedades resistentes à síndrome do murchamento.