Programa de Boas Práticas e Certificações – Destinar corretamente os resíduos gerados pela agricultura é boa prática agrícola
Olá produtor, tudo bem? Novamente estamos aqui para trazer informações importantes sobre as Boas Práticas Agrícolas. Dessa vez vamos falar sobre o que envolve o manejo de resíduos e a sustentabilidade.
O gerenciamento dos resíduos é um dos temas fundamentais discutidos pela sustentabilidade, e merece destaque na coluna. Os resíduos produzidos pela agricultura, se não tiverem o destino correto, podem poluir o solo, a água e o ar, ainda podem ser nocivos a animais e às plantas. O produtor rural é responsável pelo resíduo produzido em suas atividades agrícolas, bem como o destino correto destes resíduos.
Quando aplicamos as boas práticas agrícolas ao manejo dos resíduos temos que inserir como o primeiro passo reconhecer os resíduos produzidos em sua propriedade e atividade agrícola. Os resíduos não orgânicos considerados familiares aos produtores rurais são aqueles como embalagens vazias, cascos de baterias, sucatas, óleo queimado, pneus usados e os orgânicos, as folhas e galhos de árvore, resto da grama cortada, lixo orgânico doméstico. De fato, produzimos outros resíduos aos quais não somos atentos, como o esgoto das casas e sede, a água residual da lavagem de equipamentos, EPI’s, calda residual, estopas, lâmpadas, etc. O próximo passo é ter local adequado para armazenamento e separação dos resíduos.
É importante lembrar que de nada adianta separar os resíduos, cuidar para que eles não poluam o meio ambiente e dar destino aos resíduos se a responsabilidade não for passada adiante. Por exemplo, vamos pensar na embalagem vazia de defensivos. Alguns produtores não veem problemas em vender as embalagens, isto definitivamente não é uma boa prática. As embalagens usadas podem ser destinadas à reciclagem do plástico e utilização em utensílios domésticos, ou qualquer objeto que fique contaminado, podendo ter consequências sociais e ambientais muito graves. Ainda, estas embalagens podem ser utilizadas para reciclagem e uso para conter produtos piratas. O destino correto é a devolução em postos de coletas, que são informados no momento da compra do defensivo e exigir o comprovante de devolução das embalagens. Vamos dar o destino correto às embalagens vazias!
Outro exemplo de resíduos que nem sempre damos o destino correto é o óleo lubrificante queimado. O óleo queimado não deve ser reutilizado, ele é considerado tóxico, perigoso e danoso ao meio ambiente. Ele deve ser armazenado em tambor em local com contenção para vazamentos, evitando poluição do ambiente. A coleta municipal não tem obrigação de coletar este resíduo, o destino correto é um rerrefinador, que é um local específico para processar novamente o óleo e reutilizá-lo no mercado. O coletor do óleo usado deve ter autorização para transportá-lo, e tem que emitir um certificado de destinação chamado CADRI, que significa Certificado de Movimentação de Resíduos de Interesse Ambiental e é emitido pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, a Cetesb. Garantir o rerrefinamento do óleo usado é uma boa prática agrícola.
Como citamos anteriormente, a água da lavagem dos equipamentos também é exemplo de resíduo. Essa água contém óleo e resto de defensivos e por muitas vezes não nos preocupamos em coletar esta água para dar o destino certo. Os lavadores e oficinas devem ter canaletas de contenção que devem destinar a água a uma caixa de separação de água e óleo e posteriormente a uma caixa de contenção de água ou filtros para aí sim ocorrer o descarte da água. A água contida na caixa de contenção pode ser descartada em estradas e beira de cerca, diluindo as moléculas de defensivos em maior área. Geralmente, o solo ao redor das oficinas e lavadores são muito contaminados, e esta contaminação pode chegar mais facilmente aos lençóis freáticos, principalmente pelo fato de estar concentrada em um único local.
Não podemos esquecer de um resíduo muito comum nas propriedades agrícolas, como o sobressalente de calda em reservatórios de aplicação. É essencial que não haja sobras, ou seja, que o produtor prepare somente o necessário para a aplicação. Se eventualmente isto ocorrer, este restante deve ser diluído e aplicado em beira de cercas e carreadores, mas isto não deve ocorrer com frequência.
Até aqui citamos alguns dos muitos resíduos não-orgânicos produzidos na propriedade rural e já sabemos que destinar corretamente cada um deles é uma boa prática agrícola. Além dos resíduos não-orgânicos, existem aqueles considerados resíduos orgânicos produzidos na propriedade rural. Um destes resíduos é aquele oriundo do lixo doméstico das casas e sede das fazendas. Estes devem ser destinados à coleta da prefeitura, ou ainda podem ser utilizados para compostagem e utilização como adubo orgânico. Este último é considerado uma excelente prática, pois há uma reciclagem dos nutrientes que seriam descartados em aterros sanitários.
O resíduo verde, como restos de folhas, galhos, etc. também têm destino correto. A prefeitura da cidade, onde se localiza a propriedade, deve ser acionada e esta indicará o local correto de descarte destes resíduos. Em hipótese alguma deve haver queima de quaisquer resíduos na fazenda, definitivamente isto é considerado um crime ambiental e não é considerado boa prática a agrícola.
Não podemos esquecer do destino dos esgotos produzidos nas propriedades, que por muitas vezes são responsáveis por contaminar o solo e a água. As fossas sépticas são uma alternativa para proteger nosso solo e água da contaminação pelo esgoto. Treinar os funcionários neste tema é de extrema importância para que estes tenham o manejo de resíduos como um valor e a boa prática se torne comum na propriedade.
Visto os pontos que abordamos aqui até o momento, as perguntas que o produtor deve fazer para garantir as boas práticas em manejo de resíduos são:
- Eu conheço os resíduos produzidos em minha propriedade?
- Eu separo os resíduos de maneira que possam ter o destino e manipulação corretos?
- Eu encaminho o resíduo ao local correto e me certifico que este resíduo será processado da maneira certa?
- Minhas benfeitorias agrícolas: lavadores, local de preparo de caldas, oficinas, casas e escritórios foram construídos de maneira que não poluam o meio ambiente?
- Eu uso toda a calda preparada para que não haja necessidade de descarte?
- Eu queimo resíduos na minha propriedade? Eu destino o lixo doméstico à coleta da prefeitura?
O departamento ambiental e os serviços da Canaoeste estão disponíveis para garantir que o associado tenha as informações corretas para o melhor destino dos resíduos produzidos em sua propriedade. Se após esta autoanálise, você identifica que precisa adotar boas práticas em manejo de resíduos, converse conosco.
INICIATIVA:
Por: Letícia Melloni