Um ano duro na lavoura que reforçou a força do nosso associativismo
Por Almir Torcato, diretor executivo da Canaoeste
Encerramos mais uma safra com sentimentos misturados. Foi um ano desafiador, marcado pela seca prolongada, por ondas de calor e pelos incêndios de 2024 que ainda deixaram reflexos em 2025. Apesar disso, o produtor associado à Canaoeste respondeu com trabalho, resiliência e confiança na entidade. Mesmo em um ambiente adverso, vimos produtividade variando de 80 a mais de 100 toneladas por hectare em grande parte da nossa base, resultado que demonstra a força da técnica, do manejo adequado e do espírito de superação do nosso produtor.
É essencial reconhecer que esses números só foram possíveis graças ao esforço de quem permaneceu firme no campo, ajustando práticas, buscando orientação e participando das ações promovidas pela associação. Cada visita técnica, cada decisão de manejo e cada real investido em insumos de qualidade fez diferença em um ano marcado por incertezas climáticas e pressão sobre os custos de produção.
Também foi um ano de intensa atuação institucional. Enquanto o produtor lidava com os impactos da estiagem e do fogo, a Canaoeste esteve presente em debates decisivos para a renda e a previsibilidade do setor. A revisão do Consecana exige firmeza e equilíbrio. Defendemos um modelo justo, transparente e compreensível, evitando caminhos que possam fragilizar ainda mais o elo do produtor. Em Brasília, reforçamos a necessidade de corrigir distorções tributárias e garantir competitividade entre estados. No exterior, em fóruns como a WABCG e o Seminário Internacional da ISO, mostramos que os desafios enfrentados no oeste paulista dialogam com dificuldades de produtores de todo o mundo.
Essas agendas não aparecem imediatamente no talhão, mas ajudam a construir, ao longo do tempo, melhores condições para quem vive da cana. Cada avanço regulatório ou correção de rota institucional se transforma em estabilidade futura, e estabilidade é um ativo essencial para o produtor rural.
Nosso compromisso também se expressou no fortalecimento dos serviços prestados pela associação. A rede de escritórios regionais, que ganhou mais uma unidade, em Guatapará – SP, este ano, permaneceu próxima do campo, oferecendo apoio agronômico, jurídico, ambiental e de geotecnologia. Em um ano caro e difícil, esse suporte ajudou a reduzir custos e evitar perdas maiores.
A CanaoesteBio avançou com o lançamento de um novo bionematicida à base de bacilos, que passou a integrar o portfólio em outubro. O produto chegou em um momento oportuno, mirando o controle de nematoides e contribuindo para preservar a longevidade e o vigor dos canaviais. É inovação surgindo dentro da própria associação, pensada para as necessidades reais do produtor.
Outra frente que exigiu atenção foi o Hospital Netto Campello, patrimônio construído pela Canaoeste e parte da história social de Sertãozinho – SP. Em meio ao debate sobre desapropriação, reafirmamos que retirar de funcionamento um hospital moderno, que gera empregos e atende milhares de pessoas, não resolve os problemas da saúde pública. Proteger esse ativo é também proteger a história e os investimentos sociais da associação ao longo de oito décadas.
Os incêndios de 2024 e 2025 trouxeram perdas materiais e emocionais. Mais do que destruir matéria-prima, afetaram o solo, o canavial e anos de trabalho. Esses eventos reforçaram a urgência de fortalecer protocolos de prevenção, melhorar a articulação com autoridades e ampliar ações de monitoramento e resposta rápida. Agora, o desafio é transformar esse trauma em aprendizado e planejar 2026 com ainda mais foco em gestão de risco e resiliência.
Ao final deste ciclo, a mensagem central é de gratidão e otimismo responsável. Agradeço aos produtores que permaneceram ao nosso lado, às equipes técnicas e administrativas que sustentaram o ritmo de trabalho e às famílias que fazem da atividade canavieira uma força econômica e social em nossa região.
Sabemos que 2026 trará novos desafios. O clima seguirá imprevisível, o cenário internacional continuará oscilando e as agendas regulatórias ainda exigirão atenção. Mas também sabemos que, com organização, tecnologia, inovação biológica e um associativismo forte, o produtor pode transformar adversidade em oportunidade. Nosso compromisso permanece o mesmo: defender direitos, ampliar competitividade e garantir que cada hectare plantado tenha remuneração justa, segurança jurídica e acesso a serviços que reduzam custos e aumentem produtividade.
Encerramos 2025 com a certeza de que seguimos no caminho certo e com a confiança renovada para continuar caminhando ao lado do produtor.
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