Programa de Boas Práticas e Certificações – Vamos falar sobre a exposição do trabalhador rural ao sol?
Uma das primeiras coisas que vem em nossa mente quando pensamos na saúde e segurança do trabalhador é o uso do equipamento de segurança adequado para sua atividade e os treinamentos de segurança. Porém, por algumas vezes nos esquecemos de reduzir os riscos relacionados ao local de trabalho, o uso de ferramentas adequadas, entre outros.
Uma discussão mais recente levantada em novos padrões de uma das principais certificações relevantes à cana-de-açúcar na atualidade foi a exposição do trabalhador ao sol.
Nesta coluna vamos tratar dos riscos ao trabalhador rural que se expõe demasiadamente ao sol, sem as devidas precauções.
Danos à pele
De fato, o trabalho rural expõe o funcionário às radiações solares. Este risco é invisível aos nossos olhos, mas pode causar danos irreversíveis. A radiação ultravioleta, conhecida como UV, está presente todos os dias na vida do trabalhador, mesmo não sendo visível aos nossos olhos. O fruto da constante exposição sem a devida proteção da pele pode ser visto e sentido pelo resultado das queimaduras. Com o passar dos anos, devido à poluição, os buracos na camada de ozônio vêm aumentando e os riscos em relação à exposição ultravioleta preocupam ainda mais a comunidade médica em relação ao trabalho de alta exposição solar.
Já sabemos que esta superexposição à radiação solar leva à vermelhidão da pele e, dependendo do tempo de exposição, pode ocasionar queimaduras dolorosas, causando inclusive dores de cabeça, desidratação e febre.
A pele, como proteção, produz a melanina deixando a pele mais escura, o chamado bronzeado. Esse pigmento natural bloqueia parcialmente os raios, mas atualmente já sabemos que esta proteção natural não é suficiente. A exposição excessiva causa o fotoenvelhecimento da pele, que nada mais é que um envelhecimento precoce devido à superexposição aos raios do sol. Isto acontece porque a exposição aos raios nocivos do sol altera a produção de proteínas de colágeno e elastina.
Os efeitos do sol são cumulativos, e isto é muito fácil de perceber quando comparamos a pele de pessoas na mesma faixa etária, porém com exposições à radiação solar diferentes. Podemos perceber que a pele exposta é mais manchada e com aparência envelhecida. Não podemos confundir o clareamento da pele após a exposição como recuperação. O dano causado será percebido com o passar dos anos, o que pode resultar inclusive em um câncer de pele.
De fato, a comunidade científica já associa queimaduras solares graves, sofridas durante a juventude, ao melanoma, que é um tipo perigoso de câncer de pele e que podem levar o paciente à morte se ocorrerem as metástases pelo corpo. Agora imaginem pessoas que trabalham a céu aberto, como nossos trabalhadores rurais, que trabalham uma vida toda expostos aos efeitos solares na pele.
Danos aos olhos
Com certeza, a maioria de nós já sentiu o efeito do sol na pele em alguma vez na vida. Por exemplo, os efeitos do sol nos olhos que somente são percebidos após se agravarem, pois assim como na pele, são cumulativos e aparecem aos poucos. Não proteger os olhos do sol pode causar ou agravar doenças degenerativas como a catarata. O desenvolvimento de catarata, se não tratada corretamente, pode deixar a pessoa parcialmente ou totalmente cego.
Outra doença relacionada à longa exposição dos olhos ao sol é o pterígio, que se refere ao crescimento de um tecido sobre a córnea. Não é raro encontrar trabalhadores sem nenhuma proteção nos olhos durante a atividade agrícola.
Proteção
Os trabalhadores rurais, ou qualquer pessoa exposta ao sol durante o trabalho, devem utilizar:
• Filtro solar;
• Óculos escuros com proteção UV;
• Camisas de manga longa (se tiver proteção UV, ainda melhor);
• Chapéus, boné árabe ou touca árabe.
Saiba que todos os itens, inclusive o protetor solar, são considerados equipamentos de proteção individual, e é de responsabilidade do patrão distribuir e cobrar seu uso correto.
Dessa maneira, é importante orientar o uso correto dos equipamentos.
O filtro solar deve ter fator maior que 15 e deve ser colocado de 15 a 30 minutos antes da exposição, com reaplicações a cada duas ou quatro horas, dependendo do fabricante.
O chapéu deve cobrir o rosto, orelhas, dorso e colo do trabalhador. Os óculos devem ter proteção UV. Não permitir o trabalho rural com camisetas de mangas curtas, elas devem ser sempre longas para aumentar a proteção do trabalhador.
Fornecer água fresca ao trabalhador durante todo período de trabalho traz conforto térmico e evita desidratação. Isso é superimportante para manter a saúde do trabalhador em dia.
Essas dicas valem para qualquer trabalho no sol, mas é importante ressaltar que a atividade agrícola deve ser organizada de maneira que as atividades mais pesadas sejam realizadas em períodos de menor radiação. Importante ocorrer também descanso na sombra para recuperação física do trabalhador. Vale ressaltar que as atividades agrícolas consideradas desgastantes, como o corte de cana, monitoramento de pragas, catação de plantas daninhas etc., se realizadas durante a maior parte da jornada de trabalho, são consideradas insalubres.
Vamos proteger nossos funcionários dos danos causados pelo sol para preservar a saúde e a longevidade do trabalhador rural.
Leandro Guimarães de Toledo – Encarregado Segurança do Trabalho Copercana