Centro-Sul registra queda na moagem de cana e perda de qualidade na safra 2025/26

Produção acumulada recua 8,57% até agosto
A moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul somou 50,22 milhões de toneladas na segunda metade de julho, 2,66% abaixo das 51,59 milhões de toneladas processadas no mesmo período da safra 2024/25. No acumulado até 1º de agosto, a região registrou 306,24 milhões de toneladas, queda de 8,57% frente às 334,95 milhões do ciclo anterior.
Segundo levantamento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), operaram no período 257 usinas, sendo 237 dedicadas à cana, dez ao etanol de milho e dez flex. Em 2024/25, eram 261 unidades ativas.
Qualidade em baixa: ATR no menor nível em dez anos
A qualidade da matéria-prima também foi prejudicada. O ATR médio da segunda quinzena de julho ficou em 139,62 kg/ton, recuo de 5,21% frente a 2024/25. No acumulado da safra, o índice é de 126,85 kg/ton, 4,77% inferior ao ciclo anterior.
“Esse é o menor nível de ATR dos últimos dez anos, superando apenas a safra 2015/16”, afirmou Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da Unica. Ele destacou que, de forma atípica, houve queda simultânea de produtividade agrícola (TCH) e de qualidade (ATR), em razão do regime de chuvas irregular: déficit no verão, que comprometeu o desenvolvimento das lavouras, seguido de excesso durante a colheita, reduzindo a concentração de açúcares.
Dados do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) confirmam retração de 10% na produtividade média (TCH) entre abril e julho, atingindo 79,84 toneladas/hectare. Combinada à queda no ATR, a perda em TAH (ATR por hectare) chega a quase 15%, com quedas generalizadas: 18,0% em Goiás, 18,8% em São José do Rio Preto, 23,4% em Minas Gerais e 25,2% em Ribeirão Preto.
Produção de açúcar e etanol
A produção de açúcar na segunda quinzena de julho totalizou 3,61 milhões de toneladas, retração de 0,80% ante 2024/25. No acumulado até 1º de agosto, a fabricação soma 19,27 milhões de toneladas, queda de 7,76% frente ao ciclo anterior.
No etanol, a produção quinzenal foi de 2,28 bilhões de litros, dividida em 1,40 bilhão de hidratado (-13,54%) e 880,40 milhões de anidro (-6,57%). Desde o início da safra, foram fabricados 13,88 bilhões de litros (-11,96%).
O etanol de milho segue em expansão: respondeu por 17,21% da produção quinzenal, com 392,43 milhões de litros, alta de 13,83% sobre o mesmo período de 2024/25. No acumulado, já são 2,95 bilhões de litros.
Vendas: retração no hidratado, leve alta no anidro
Em julho, as vendas de etanol somaram 2,93 bilhões de litros. O anidro cresceu 1,06%, chegando a 1,09 bilhão de litros, enquanto o hidratado recuou. No mercado interno, as vendas de hidratado foram de 1,75 bilhão de litros, queda de 5,58%. Já o anidro alcançou 1,07 bilhão, alta de 6,02%.
No acumulado da safra até agosto, a comercialização totalizou 11,48 bilhões de litros (-2,73%), sendo 7,32 bilhões de hidratado (-5,20%) e 4,16 bilhões de anidro (+1,96%).
CBios: meta quase atingida
No mercado de descarbonização, dados da B3 até 13 de agosto apontam a emissão de 16,13 milhões de CBios em 2025. O volume disponível em negociação soma 30,49 milhões de créditos.
“Considerando os CBios já aposentados e os disponíveis, já alcançamos 86,9% da meta anual exigida pelo RenovaBio para 2025”, destacou Rodrigues.