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Canaoeste e ORPLANA reforçam governança e transparência na revisão do Consecana-SP

Encontro em Catanduva-SP debateu atualização do modelo e defende previsibilidade e equilíbrio entre produtores e indústria

A Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo) e a ORPLANA (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil) realizaram, nesta terça-feira (14), em Catanduva – SP, um encontro com produtores e lideranças do setor para debater o andamento da revisão do Consecana-SP — sistema que define os parâmetros de remuneração da cana-de-açúcar no Estado e é conduzido de forma paritária por ORPLANA e UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia).

O evento reuniu produtores, representantes de usinas e a diretoria da Canaoeste — Fernando dos Reis (presidente), Marco Roberto Guidi (vice-presidente) e Almir Torcato (diretor executivo) — além de Gustavo Rattes de Castro (presidente da ORPLANA e do Consecana-SP) e José Guilherme Nogueira (CEO da ORPLANA). O auditório da Biblioteca Municipal ficou lotado, refletindo a expectativa dos produtores por maior previsibilidade e transparência no processo.

Abrindo a sessão, o vice-presidente da Canaoeste, Marco Roberto Guidi, destacou os 80 anos de história da entidade e seu papel de proximidade com o produtor. “Sempre estivemos ao lado do campo, levando tecnologia e soluções práticas. Quando havia um problema na lavoura, era a associação que ia resolver”, afirmou. Ele reforçou que o apoio técnico e o associativismo continuam sendo pilares para reduzir custos e ampliar a competitividade dos produtores.

Na sequência, o diretor executivo Almir Torcato ressaltou o impacto positivo do trabalho coletivo da entidade. Segundo ele, os associados da Canaoeste registram produtividade superior e custos menores graças ao suporte técnico e ao acesso a insumos com preços reduzidos — como os biológicos produzidos pela própria associação, que chegam a ter custo 60% menor. “Produzimos internamente para devolver valor ao produtor. A associação existe para servir, não para cobrar duas vezes pelo mesmo serviço”, afirmou.

Torcato também lembrou que a canavicultura é um setor altamente vulnerável a fatores externos — câmbio, clima e políticas públicas — e defendeu o papel das associações como amortecedor dessas incertezas. “O produtor atua da porteira para dentro. As entidades precisam agir da porteira para fora, garantindo estabilidade e representatividade”, afirmou.

A comemoração dos 80 anos da Canaoeste foi integrada ao debate técnico sobre o Consecana, reforçando a mensagem de que história e inovação caminham juntas na construção de um setor mais sólido e sustentável.

Governança, revisão e método unificado

José Guilherme Nogueira, CEO da ORPLANA, explicou que o Consecana é um acordo privado, com estatuto desde 1999, que padronizou a remuneração da cana por teor de sacarose e garantiu credibilidade às análises laboratoriais. Ele lembrou que o estatuto prevê revisões quinquenais, sendo que a última foi feita em 2018, com validade até 2023. “As revisões são compromissos técnicos, não políticos. O setor muda, surgem novas tecnologias e o modelo precisa refletir essa realidade”, afirmou.

Pela primeira vez, a revisão foi conduzida com um estudo técnico único, elaborado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), contratado em conjunto por ORPLANA e UNICA. “Antes, cada parte fazia seu próprio estudo. Agora, o trabalho é integrado, trazendo mais coerência e transparência”, destacou Nogueira.

Ele também reforçou que o processo deve seguir o calendário produtivo e ser pautado pela técnica e pelo diálogo. “O Consecana é privado, com governança própria desde 2015. Todos os indicadores precisam ser assinados por ambas as partes, o que garante credibilidade e equilíbrio”, disse.

O dirigente reconheceu que a revisão atual está sendo “lenta e desgastante”, marcada por divergências entre as partes, mas reiterou que a atualização é indispensável para manter o equilíbrio econômico entre produtores e usinas.

Técnica, transparência e credibilidade

Gustavo Rattes de Castro, presidente da ORPLANA e do Consecana-SP, enfatizou que a base do sistema é técnica e deve ser reconhecida por todos os agentes. “A revisão periódica é o que garante previsibilidade. Quando a técnica é substituída por narrativas políticas, todos perdem”, alertou.

Ele lembrou que o Consecana nasceu de um acordo entre produtores e indústria, com regras claras para análise e pagamento da cana, substituindo o modelo baseado em peso pelo de qualidade. “Foi um avanço histórico que exigiu laboratórios certificados e controle constante. A confiança no sistema vem dessa governança compartilhada”, afirmou.

Rattes destacou que a revisão referente à safra 2024/25 começou em 2022, quando a ORPLANA formalizou o pedido de atualização. Foi criado o grupo técnico G8, com representantes de ORPLANA e UNICA, e contratada a FGV para o estudo. No entanto, divergências quanto à metodologia e à governança atrasaram o cronograma.

Entre os impasses citados estão a ausência da UNICA em reuniões do Consecana, tentativas unilaterais de impor valores de ATR e a contratação isolada de indicadores sem aprovação paritária. “Essas ações rompem com a governança e enfraquecem a legitimidade do sistema”, pontuou Rattes.

Ele também criticou propostas de transformar os resultados da revisão em “prêmios” para produtores, o que distorceria o modelo. “A remuneração precisa refletir dados técnicos e critérios de equilíbrio, não concessões pontuais”, disse.

Futuro e segurança jurídica

Encerrando o encontro, o presidente da Canaoeste, Fernando dos Reis, destacou que a revisão é essencial para garantir previsibilidade e segurança jurídica. “A cana não tem a liquidez de commodities globais nem flexibilidade logística. É uma cultura locacional e sazonal, que precisa de um modelo de referência atualizado e acordado entre as partes”, afirmou.

Para ele, a revisão do Consecana não é apenas uma obrigação estatutária, mas um passo fundamental para consolidar a confiança entre produtores e indústria. “Transparência, governança e técnica são os pilares que sustentam o futuro do nosso setor”, concluiu.

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