Canaoeste participa de podcast sobre incêndios da Associação de Engenheiros
Torcato enfatiza a importância da informação para combater as “fake news” que prejudicam o produtor rural
No recente podcast da Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto, Almir Torcato, gestor executivo da Canaoeste, discutiu os incêndios que afetaram a região e os prejuízos enfrentados pelos produtores rurais. Ele enfatizou a necessidade de informações precisas para combater as fakes news que prejudicam a imagem do setor.
Torcato compartilhou dados recentemente divulgados pela Canaoeste: que apontam que, em agosto, o estado de São Paulo registrou 650 mil hectares queimados, com 330 mil hectares apenas no dia 23. O mês contou com 11.628 focos de incêndio, um aumento de 227% em relação à média histórica de 3.550 focos. Em comparação ao mesmo período do ano anterior, o crescimento foi de impressionantes 780%.
Diante desses números, Torcato afirmou que a narrativa que culpa os produtores de cana pelos incêndios é “uma grande fake news que deve ser combatida”. Ele destacou a evolução do setor, que passou de sucroalcooleiro para sucroenergético e agora para bioenergético, com a geração de energia a partir da biomassa. “Não faz sentido queimar biomassa no campo em vez de aproveitá-la para gerar energia elétrica. O produtor está perdendo dinheiro e não tem interesse em colocar fogo”, enfatizou.
O gestor também ressaltou os desafios da colheita de cana-de-açúcar em decorrência dos incêndios. Quando a cana não está no estágio ideal para a colheita, a perda de produção é significativa, já que a cana demora a se desenvolver e rebrotar. Ele explicou que um canavial pode durar de cinco a sete anos e que os incêndios podem danificar o sistema radicular, exigindo replantio e encarecendo o processo.
Além disso, Torcato chamou a atenção para a interferência humana nos incêndios, observando que muitos ocorrem em áreas urbanas e rurais nos fins de semana, sugerindo descuido ou falta de informação. Ele destacou a importância de conscientizar a população sobre esses riscos, já que a cana, sendo altamente inflamável, pode propagar incêndios rapidamente em condições secas.
O gestor mencionou as condições favoráveis para incêndios no final de agosto, citando o fenômeno conhecido como “triplo 30”: temperaturas acima de 30°C, umidade abaixo de 30% e ventos superiores a 30 km/h. “No dia 23 de agosto, a umidade estava entre 8% e 9%, com ventos de 40 a 50 km/h e temperaturas acima de 38°C, criando um cenário propício para incêndios”, explicou.
Embora não se possa afirmar que os incêndios foram intencionais, Torcato ressaltou que qualquer intervenção humana nessas condições poderia potencializá-los. A Canaoeste investe em prevenção, utilizando um sistema de monitoramento por satélite que identifica focos de incêndio e mobiliza os produtores para uma resposta rápida. Além disso, os produtores contam com um plano de auxílio mútuo para enfrentar esses desafios.
Ele também destacou a importância de as instituições desenvolverem programas que promovam informações positivas e conscientização. Um exemplo é o programa “VemSer”, implementado pela Canaoeste, que visa a inclusão social e o crescimento profissional dos jovens, conectando agricultura, cultura e bem-estar social.
Para complementar, Torcato anunciou a criação de uma cartilha digital destinada a informar associados e a sociedade em geral, oferecendo acesso a dados segmentados sobre o setor, incluindo mercado, ocorrências e políticas econômicas que impactam os produtores de cana.