Especialista analisa o cenário econômico brasileiro e as estratégias para um desenvolvimento sustentável
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A projeção oficial de crescimento para 2025 gira em torno de 2,5%
O Brasil inicia 2025 em um contexto econômico repleto de desafios e oportunidades. Após um desempenho surpreendentemente positivo em 2024, impulsionado por setores como serviços, agronegócio e a recuperação da indústria, o país enfrenta um novo momento de ajustes.
O Produto Interno Bruto (PIB) registrou crescimento acima das previsões, enquanto a taxa de desemprego atingiu o menor nível em anos. Entretanto, questões como inflação persistente, necessidade de ajuste fiscal e incertezas no cenário global exigem atenção e planejamento estratégico.
De acordo com o professor Ahmed El Khatib, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), a projeção oficial de crescimento para 2025 gira em torno de 2,5%, conforme a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, enquanto o Banco Mundial estima um avanço um pouco menor, de 2,2%.
“A desaceleração do crescimento já era esperada, considerando o ambiente de juros elevados e a inflação acima da meta. O grande desafio será equilibrar as políticas fiscal e monetária para manter a confiança do mercado e evitar impactos negativos no emprego”, avalia o especialista.
A sustentabilidade das contas públicas continua no centro das preocupações do governo. Segundo El Khatib, a condução do ajuste fiscal precisa ser criteriosa e transparente para garantir credibilidade. “Será essencial aumentar a arrecadação e controlar despesas sem comprometer o ritmo da atividade econômica”, destaca.
O Banco Central, por sua vez, terá a missão de equilibrar a política monetária diante de pressões inflacionárias. Com a chegada de Gabriel Galípolo à presidência da instituição, há expectativas sobre sua capacidade de manter a autonomia do órgão. “A trajetória de Galípolo na gestão pública sugere proximidade com o governo, mas ele precisará demonstrar independência para garantir a confiança dos investidores e a credibilidade da política monetária”, acrescenta o professor.
Reformas estruturais e oportunidades de investimento
A agenda econômica do governo para 2025 inclui reformas estruturais essenciais para o ambiente de negócios. A modernização do sistema tributário e novas diretrizes fiscais estão entre as prioridades. “Dentre as 25 medidas previstas, destacam-se a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a regulamentação das Big Techs. Se bem implementadas, essas ações podem impulsionar investimentos e fortalecer o crescimento”, explica El Khatib.
O desempenho do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, será crucial para manter a confiança do mercado. O sucesso das medidas fiscais determinará a volatilidade dos ativos financeiros e o apetite dos investidores. “A previsibilidade econômica e a estabilidade fiscal são elementos essenciais para atrair capital e sustentar o crescimento econômico”, enfatiza o especialista.
Inflação e impactos no consumo
A inflação, especialmente no setor de alimentos, continua sendo um fator de preocupação. “Itens como café, laranja e carnes devem registrar aumentos entre 6% e 7%, enquanto produtos como leite e óleo de soja podem apresentar reduções”, analisa El Khatib. A energia elétrica também pode sofrer reajustes devido à instabilidade no preço do petróleo e impactos da crise climática na geração de eletricidade.
A variação do câmbio é outro fator determinante para o custo de vida. “A valorização do dólar pode pressionar os preços dos combustíveis e insumos importados, afetando toda a cadeia produtiva”, destaca o professor da FECAP.
O contexto econômico global exercerá forte influência sobre o Brasil em 2025. “A política econômica dos Estados Unidos sob a nova gestão de Donald Trump pode trazer impactos significativos, desde barreiras comerciais até mudanças nos fluxos de investimento”, alerta El Khatib. Questões diplomáticas, políticas migratórias e diretrizes ambientais também poderão afetar setores estratégicos como o agronegócio e a indústria de exportação.
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