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Especialistas debatem os desafios e avanços da irrigação, produtividade e colheitabilidade da cana

Encontro em São José do Rio Preto reuniu mais de 250 profissionais para se atualizar sobre o tema

O Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-açúcar (GIFC) realizou no dia 25 de setembro, o encontro técnico “Irrigação em Cana-de-Açúcar e seus Desafios: Variedades Responsivas, Produtividade e Colheitabilidade” em São José do Rio Preto – SP. O evento atraiu mais de 250 profissionais, incluindo produtores rurais, representantes de usinas, consultores e pesquisadores, para um dia de debates sobre os avanços e desafios enfrentados pelo setor de irrigação na cultura da cana-de-açúcar.

De acordo com o presidente do GIFC, René Sordi, o evento surgiu a partir da demanda de participantes do Seminário Brasileiro de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-Açúcar (IRRIGACANA), que solicitaram um espaço para discussões mais profundas e específicas sobre temas técnicos. “Nosso objetivo era criar um fórum para a troca de conhecimento e experiências, promovendo resultados práticos para o setor”, afirmou.

O encontro foi dividido em dois blocos principais. O primeiro abordou a responsividade das variedades à irrigação, um tema complexo com poucos dados disponíveis. Especialistas de grandes instituições como CTC, IAC e UFAL apresentaram suas pesquisas sobre o melhoramento genético de variedades de cana-de-açúcar adaptadas à irrigação. Já o segundo bloco discutiu as estratégias para aumentar a produtividade e a eficiência na colheita, especialmente em áreas irrigadas.

A irrigação como estratégia para alta produtividade

A irrigação controlada tem se mostrado uma ferramenta essencial para aumentar a produtividade dos canaviais, especialmente nos primeiros cortes, que podem ultrapassar 200 toneladas por hectare. No entanto, essa alta produtividade traz novos desafios durante a colheita, como o aumento de perdas, impactos na qualidade da matéria-prima e maior pisoteio.

René Sordi destacou que esse “problema bom” precisa de soluções tecnológicas para que a colheita se adapte ao aumento da produtividade. “Esses desafios têm que ser enfrentados com inovação e, com isso, o evento se torna um marco na discussão de soluções práticas”, ressaltou.

A necessidade de investir em irrigação para enfrentar desafios climáticos

A primeira palestra do evento foi conduzida por Davilla Alves, especialista em irrigação do CTC. Ela afirmou que o principal desafio enfrentado pela cana-de-açúcar atualmente é a demanda climática. “Desde 2010, as regiões produtoras de cana-de-açúcar têm experimentado um clima mais seco e quente. Sem irrigação, a estimativa é que a produtividade agrícola caia entre 5% e 20% nos próximos dez anos”, afirmou.

Ela destacou que a irrigação com lâminas complementares deve ser adotada, pois a irrigação de salvamento sozinha já não é suficiente para garantir a produtividade no cenário atual. A especialista recomendou a adoção de projetos de irrigação planejados para atender às condições climáticas adversas e manter a produtividade em níveis satisfatórios.

Alianças entre irrigação e mitigação de déficit hídrico

Durante sua apresentação, o diretor do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Marcos Landell, discutiu como o setor pode superar os desafios climáticos para alcançar canaviais mais produtivos. Landell propôs o uso de irrigação complementar ou plena, aliado ao manejo do déficit hídrico, como uma estratégia eficaz para melhorar a produtividade.

A ideia é organizar a colheita de acordo com a idade do canavial, priorizando as canas mais novas que possuem sistemas radiculares menos profundos, dificultando a captação de água em períodos secos. Essa técnica, conhecida como “manejo do terceiro eixo”, visa otimizar a produção mesmo em períodos de estresse hídrico.

A irrigação também foi abordada sob a perspectiva do planejamento estratégico das usinas. Sandro Souza, da Usina Santa Adélia, apresentou o plano da unidade Pereira Barreto, que prevê a irrigação de 60% de sua área produtiva até 2031. Segundo Souza, a região possui alta disponibilidade de luz solar e boas temperaturas, mas sofre com a limitação hídrica. A solução para esse problema é utilizar os recursos hídricos disponíveis de maneira eficiente, implementando projetos de irrigação que atendam tanto as necessidades de água quanto a produtividade esperada.

A prioridade da Usina Santa Adélia é identificar variedades de cana que combinem alta produtividade, boa colheitabilidade e resistência, além de garantir sustentabilidade e eficiência no uso da água.

Desafios na colheita: preparando as máquinas para alta produtividade

Outro tema importante discutido foi a adaptação das colhedoras de cana para as altas produtividades alcançadas com a irrigação. Representantes das principais fabricantes de colhedoras, Case IH e John Deere, debateram as questões que surgem ao colher cana com maior produtividade.

João Testa, gerente de marketing da Case IH, afirmou que as colhedoras estão preparadas para colher cana de alta produtividade, mas destacou que a alimentação das máquinas precisa ser constante para evitar perdas. “Quando a alimentação não é regular, o sistema começa a embuchar, o que gera sobrecarga de pressão e queda no rendimento”, explicou Testa.

Felipe Dias, da John Deere, acrescentou que a manutenção das máquinas e o controle de tráfego são fatores cruciais para melhorar o desempenho das colhedoras e reduzir as perdas durante a operação.

Irrigação por gotejamento: resultados promissores na Usina Da Mata

Durante o evento, Graziela Cavalcante Nunes, coordenadora de irrigação da Usina Da Mata, compartilhou os resultados da irrigação por gotejamento, que tem mostrado grande potencial na produtividade de variedades como RB92579 e CTC4. “Na média dos primeiros cortes, a produtividade da variedade RB92579 foi 50,3% maior em áreas irrigadas por gotejamento, enquanto a CTC4 apresentou um aumento de 40,7% em comparação com áreas de sequeiro”, relatou.

Esses resultados reforçam a importância da irrigação na maximização da produtividade da cana-de-açúcar, além de garantir maior eficiência no uso da água e melhores condições de colheita.

O encontro técnico promovido pelo GIFC trouxe à tona questões cruciais para a sustentabilidade da produção de cana-de-açúcar. A irrigação se firmou como uma ferramenta indispensável para enfrentar os desafios climáticos, melhorar a produtividade e garantir a qualidade da matéria-prima. A integração de tecnologias de irrigação com estratégias de manejo e colheita será fundamental para o futuro do setor, que busca se adaptar e prosperar em um cenário de incertezas climáticas.

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