Etanol desafia sazonalidade e sobe em agosto com oferta mais restrita

Preços do hidratado e do anidro avançam em São Paulo; açúcar cristal encerra o mês em baixa diante de liquidez reduzida
O mercado de biocombustíveis registrou um movimento atípico em agosto. Pelo segundo ano consecutivo, as cotações do etanol hidratado no estado de São Paulo apresentaram alta no período que, historicamente, é marcado pela colheita em ritmo acelerado e consequente pressão de baixa sobre os preços.
Segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/Esalq-USP), o avanço dos preços reflete a menor disponibilidade de cana-de-açúcar na safra 2025/26. Pesquisadores apontam que adversidades climáticas e problemas agronômicos impactaram diretamente a oferta de matéria-prima, sustentando o mercado mesmo em meio ao pico da moagem.
Dados históricos do Cepea, iniciados em 1999, indicam que em 11 temporadas houve recuo de preços de julho para agosto. A exceção verificada em 2025/26 decorre de uma combinação de fatores: baixo rendimento agrícola, efeitos de queimadas registradas no ano anterior e clima mais seco nas principais regiões produtoras.
No fechamento de agosto, o Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado ficou em R$ 2,6716/litro, alta de 4,02% em relação ao mês anterior. Para o etanol anidro, negociado tanto no spot quanto em contratos, a média mensal foi de R$ 2,9713/litro, incremento de 3,08% na mesma base de comparação.
“O comportamento dos preços mostra que a curva sazonal clássica do etanol pode ser desafiada por choques de oferta e fatores climáticos, reforçando a necessidade de maior previsibilidade na gestão da safra”, avalia um pesquisador do Cepea.
Açúcar cristal encerra agosto em queda com menor demanda
Enquanto o etanol contrariou a sazonalidade, o açúcar cristal registrou trajetória oposta, encerrando agosto em baixa no mercado spot paulista. De acordo com o Cepea, entre 25 e 29 de agosto, a média do Indicador CEPEA/ESALQ (cor Icumsa 130 a 180) foi de R$ 118,69/saca de 50 kg, recuo de 1,56% frente ao intervalo anterior.
A queda foi explicada pela menor movimentação no mercado físico, em função da presença limitada de compradores interessados em operações de pronta-entrega. A liquidez, medida pelo volume captado de negócios, recuou 47% na última semana do mês comparada à anterior.
Apesar da redução nas negociações, os números da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia) mostram um desempenho expressivo da produção. Na primeira quinzena de agosto, a região Centro-Sul processou 3,615 milhões de toneladas de açúcar, alta de 15,96% frente ao mesmo período de 2024. O mix industrial também seguiu mais açucareiro, com 55% da cana destinada ao açúcar, em detrimento da produção de etanol.
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