Etanol mostra alta, mas açúcar sofre forte retração em setembro

Demanda interna segue enfraquecida nos dois mercados
Os mercados de etanol e açúcar seguiram trajetórias opostas em setembro. Dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostram que os Indicadores CEPEA/ESALQ do etanol hidratado e do anidro registraram elevação mensal, enquanto o açúcar cristal manteve movimento de queda acentuada frente ao ano anterior.
No caso do etanol, o Indicador mensal do hidratado fechou o mês a R$ 2,7583 por litro, avanço de 3,25% sobre agosto. Para o anidro (considerando negócios spot e contratos), a média foi de R$ 3,0999 por litro, alta de 4,33% no mesmo comparativo. Em relação a setembro de 2024, os ganhos foram ainda mais expressivos: valorização de 10% para o hidratado e de 7,32% para o anidro, em termos reais, com os valores corrigidos pelo IGP-M.
Apesar da melhora nas cotações, o Cepea aponta que as negociações seguem limitadas. Compradores demonstraram menor interesse diante do fraco desempenho das vendas no varejo de combustíveis, enquanto parte dos produtores manteve postura cautelosa, fora do mercado spot. Ainda assim, alguns agentes se mostraram mais ativos, aproveitando o momento de recuperação de preços para firmar contratos pontuais.
Preços domésticos açúcar vêm registrando médias mensais inferiores às de 2024
No segmento de açúcar, o cenário foi oposto. A média do Indicador CEPEA/ESALQ do açúcar cristal branco (Icumsa 130-180) no mercado spot paulista ficou em R$ 118,65 por saca de 50 kg, representando queda real de 17,54% frente a setembro de 2024, após correção pelo IGP-DI.
Segundo o Cepea, os preços domésticos vêm registrando médias mensais inferiores às de 2024 desde o início da safra 2025/26, em abril, com a maior diferença negativa ocorrendo justamente em setembro.
Pesquisadores explicam que o movimento de baixa decorre de cotações internacionais mais fracas para o açúcar demerara e de uma demanda interna enfraquecida, com retração nas vendas de produtos derivados no varejo. Soma-se a isso o aumento do volume de cana destinado à produção de açúcar pelas usinas paulistas nesta temporada, ampliando a oferta e intensificando a pressão sobre os preços.
Enquanto o etanol encontra algum alívio com a recomposição gradual das cotações, o açúcar enfrenta um ambiente desafiador, marcado por sobreoferta e menor apetite do consumidor interno — um contraste que reforça o desalinhamento momentâneo entre os dois principais produtos da cana-de-açúcar.
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