Mercado global de açúcar enfrenta déficits crescentes e expectativas de aumento nos preços

O mais recente relatório sobre o mercado de açúcar global revela um déficit maior do que o anteriormente projetado para a temporada 2024/25, com uma diferença de 4,881 milhões de toneladas entre a produção e o consumo estimado. Este déficit representa o maior desequilíbrio em nove anos, conforme informações do mais recente relatório de Perspectivas de Mercado Trimestrais, a ISO (Organização Internacional do Açúcar).
A produção mundial foi revista para 175,54 milhões de toneladas, uma redução de 5,84 milhões de toneladas em relação ao ciclo anterior, impulsionada pela produção abaixo das expectativas na Índia, Paquistão e Tailândia, além da menor produção pós-outubro nos principais países produtores do hemisfério sul.
Em contrapartida, o consumo global de açúcar está projetado para atingir um recorde de 180,42 milhões de toneladas em 2024/25, apesar da redução de 1,16 milhão de toneladas em relação à previsão anterior, com um aumento de apenas 0,45 milhão de toneladas em relação à temporada anterior. Além disso, espera-se que os volumes de comércio global, incluindo exportações e importações, declinem devido a uma redução nas ofertas e nos estoques. A previsão é que os estoques globais caiam para 93,6 milhões de toneladas, resultando em uma relação de estoque/uso de 51,88%, o menor valor desde 2015/16.
O mercado de açúcar também experimentou uma recuperação nos preços após um pico em janeiro, com os preços médias de fevereiro subindo para US$ 18,79 centavos por libra e US$ 524,36 por tonelada. O aumento é impulsionado pelo déficit global, uma forte posição especulativa de vendas e uma recente valorização do real brasileiro.
Em paralelo, o mercado de etanol também está em ascensão, com a produção global projetada para atingir 117,7 bilhões de litros em 2024, e uma expectativa de crescimento contínuo nos próximos anos. A produção de etanol nos Estados Unidos e no Brasil segue como um motor importante para esse crescimento, especialmente no Brasil, onde a produção de etanol de cana-de-açúcar está impulsionada pela maior demanda interna e externa.
Por outro lado, os preços de melaço caíram substancialmente nos últimos meses de 2024 devido à baixa demanda e ao impacto do imposto de exportação indiano. Além disso, o mercado de adoçantes alternativos, como o HFCS nos EUA e o isoglucose na União Europeia, também apresenta desaceleração na produção, enquanto o mercado de adoçantes naturais como a estévia continua a crescer.
As negociações no âmbito da OMC continuam sendo uma preocupação, com membros sendo instados a superar o impasse nas discussões agrícolas antes do encontro MC14 em 2026. A agricultura global observa com atenção as decisões que poderão moldar o futuro do comércio de açúcar e bioenergia, essenciais para os próximos ciclos comerciais.