O verão chegou! E os temporais também
O verão e a primavera são as estações mais comuns para os temporais. Cada estação tem uma característica ligeiramente diferente. Isso não quer dizer que não há temprais no outono ou inverno.
Todos os anos somos bombardeados por notícias de temporais, inundações, queda de árvores, fortes ventanias, deslizamentos e outros transtornos relacionados a tempo severo.
Mas será que são apenas os fatores naturais que causam transtornos? Existem variações de tempo severo?
Para responder essas e outras perguntas, criamos um texto para te ajudar a entender as causas e efeitos dessa variação climática na rotina urbana, rural e econômica da população.
O que é um tempo severo? E quando é mais comum?
O tempo severo é uma tempestade intensa em pouco tempo, geralmente acompanhada por granizo, raios e rajadas de vento. O tempo severo tanto pode ser um temporal isolado (acontecer em um bairro e no outro não) quanto um temporal que abrange uma região maior.
A atmosfera está em constante movimento. Em uma situação normal o ar frio (mais denso) fica próximo à superfície e o ar quente (menos denso) fica logo acima. Vale destacar que essa condição de tempo estável é rara. Geralmente a atmosfera está em uma condição instável – ou seja, o ar quente abaixo.
A própria natureza busca o equilíbrio para deixar as coisas “nos lugares corretos”. Os temporais são uma reação da natureza em busca de equilíbrio térmico.
Quando há a inversão do ar quente com o ar frio, e tem muita umidade na atmosfera, começa a formação das famosas nuvens Cumulonimbus– aquelas nuvens grandes que podem chegar a até 17 mil metros de altitude, que são escuras e que produzem raios e granizo.
Em toda situação de tempo severo há pelo menos uma nuvem Cumulonimbus, e os temporais mais intensos, são formados por uma série de Cumulonimbus. O Brasil tem muita influência do corredor de umidade da Amazônia, que transporta a umidade da região amazônica para o Centro-Sul do país, ajudando a alimentar as áreas de instabilidade.
O verão e a primavera são as estações mais comuns para os temporais. Cada estação tem uma característica ligeiramente diferente. Isso não quer dizer que não há temprais no outono ou inverno.
No verão, a característica mais comum são as pancadas de chuva isolada. Geralmente à tarde e de curta duração mas com grande potencial para causar alagamentos, inundações, quedas de árvores e deslizamentos de terra.
Já a primavera brasileira não é a estação das flores, como é popularmente conhecida. É a estação dos temporais. Isso porque a atmosfera está fria devido ao inverno e começa a aquecer aos poucos. Com isso, as primeiras camadas de ar começam a ficar mais quentes e, com a inversão das massas de ar vêm os temporais.
Principais eventos dos temporais
Os efeitos de um tempo severo variam muito de local para local. Em uma cidade bastante urbanizada, a chuva não precisa ser muito intensa para causar um alagamento ou qualquer outro tipo de transtorno. Por outro lado, em uma cidade rural, há maior tendência na formação de tornados e ventanias mais intensas.
Uma das maiores preocupações são com os raios das tempestades, já que são os maiores causadores de mortes durante uma tempestade. Isso porque as pessoas se sentem seguras quando veem raios mas não há chuva. Porém, essas descargas elétricas podem acontecer antes, durante ou depois das chuvas.
A frase “um raio não cai duas vezes no mesmo lugar” é uma lenda. Na verdade, é até mais fácil um raio cair mais de uma vez no mesmo lugar – já que ele procura o caminho mais fácil. Uma coisa bastante interessante, é que o raio é benéfico para a agricultura, já que ajuda a nutrir o solo, fixando o nitrogênio e ajudando as plantas neste processo.
Quando a tempestade é bastante severa, é comum também queda de granizo, que provoca diversos tipos de dano: desde um amassado no seu veículo até prejuízos nas plantações com possibilidade de quebra de safra.
Como falado, é comum uma tempestade severa provocar deslizamentos, alagamentos e enchentes.
Um fato importante é o aumento do nível dos rios principais que recebem a vazão de rios menores. Em cidades urbanizadas, é comum ter enchente de rios maiores devido ao acúmulo de água vindo do escoamento de rios menores.
Como foi o caso da Marginal Tietê nas capital paulista entre o dia 30 de novembro e 1 de dezembro de 2018. Alguns dias antes, choveu forte da região do Grande ABC; como os rios desta região desaguam no rio Tietê, houve um aumento do nível. No dia 30 de novembro choveu forte em toda a região metropolitana, o que favoreceu para a enchente na Marginal Tietê.
O vento também é outro elemento meteorológico que causa bastante prejuízo para a sociedade. Em uma tempestade severa podem ocorrer microexplosões ou até mesmo, tornados.
Porém tornado e microexplosão são bem diferentes. A Microexplosão ocorre quando parte da atmosfera está estável e parte instável, ou seja, dentro da Cumulonimbus parte do ar está mais seco. Isso favorece uma forte rajada de vento que sai da nuvem e vai em direção à superfície. Quando este vento toca a superfície, ele vai para os lados em forma radial com velocidades acima de 110 km/h.
O estrago resulta em quedas de árvores, achatamento de telhados e veículos sendo “empurrados” pela força do vento. Quando os ventos fazem um estrago em um raio de até 4 km; enquanto que a macroexplosão é um raio maior do que 4 km. A microexplosão e a macroexplosão são, no fundo, a mesma coisa. A única diferença é no raio do estrago.
Já o tornado se forma com a mudança brusca dos ventos no decorrer do seu perfil vertical ou a sua intensidade.
Quando o vento começa a rotacionar devido a esta mudança brusca, uma corrente de vento da superfície em direção à nuvem ajuda a deixar o tornado “de pé”. A categoria de um tornado é definida com base na intensidade do vento, através da “Escala Fujita”.
O tornado deixa um rastro de destruição, ou seja, o dano é mais localizado por onde ele passa. Tem como característica retorcer construções como postes e telhados e também arremessar árvores para longe.
Lembrando que tornado e furacão são totalmente diferentes! Tornado ocorre em terra, possui alguns metros de extensão, dura no máxima uma hora e é difícil prever o local de formação e o trajeto. Já furacões ocorrem no oceano e avançam para a terra; possuem quilômetros de extensão, podem durar até semanas e a previsibilidade de sua formação e de seu trajeto é grande.
Principais impactos dos temporais nas cidades
Agora, tendo em base todas essas informações do que costuma acontecer no verão nas cidades brasileiras, podemos entender e questionar algumas consequências do tempo severo, tais como mobilidade urbana, segurança da população e até mesmo, doenças.
É comum todos os anos lermos notícias e mais notícias sobre alagamentos e inundações nas grandes cidades e sempre nos perguntamos: de novo?
Geralmente as pancadas de chuva no verão chegam por voltas das 16.. 18 horas, que é quando a umidade do oceano chega. E coincidentemente, é o horário onde a maior parte dos trabalhadores estão voltando para casa, com isso o impacto é gigantesco.
Com o grande fluxo de veículos nas ruas, chuva forte, árvores caídas por causa dos ventos e semáforos desligados, tudo isso deixa o trânsito caótico.
É interessante quando olhamos o problema particular de cada cidade. Recife, por exemplo, é uma cidade plana e fica apenas a 3 metros do nível do mar, com isso o lençol freático fica próximo à superfície, tudo isso dificulta a drenagem de água e favorece a formação de alagamentos e enchentes.
Além do trânsito, há perdas de carros, móveis, mercadorias, postes, cabos de eletricidade nos alagamentos. Além do comércio parar por um determinado tempo por conta de interrupção de energia elétrica.
Também há os problemas de saúde. Diversas pessoas ficam ilhadas, podendo ser arrastadas pela correnteza. Muitas vezes, o tempo severo afeta a rotina em hospitais com invasão de água, quebra de janelas devido a forte rajada de vento e até mesmo, com queda de energia, já que nem todos os hospitais são devidamente equipados com geradores.
Nas cidades mais urbanizadas, os alagamentos estão associados com a poluição. Com isso, há o risco de contrair doenças ligadas a ratos e mosquitos (como leptospirose e dengue), que ficam em contato com o lixo. E, infelizmente, a parte da população mais afetada é a que mora em comunidades.
Fonte: Somar Meteorologia