Pesquisadores da USP desenvolvem fórmula para aumentar a produtividade no campo

Nova tecnologia promete aumentar a produtividade agrícola com fertilizante inovador
A crescente demanda global por alimentos, rações e biocombustíveis sustentáveis tem impulsionado cientistas e produtores a buscarem soluções inovadoras para aumentar a eficiência da produção agrícola. De acordo com o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, a população mundial deve chegar a 9,7 bilhões até 2050, exigindo um aumento de aproximadamente 47% na produção global de alimentos.
Diante desse desafio, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um fertilizante nitrogenado multinutriente de eficiência aumentada, projetado para minimizar as perdas de nutrientes no solo e maximizar o rendimento das lavouras.
Bruno Cassim, doutorando da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP e um dos principais desenvolvedores da nova tecnologia, explica que o crescimento da produção agrícola nas últimas décadas tem sido impulsionado pelo uso de fertilizantes nitrogenados, com destaque para a ureia, amplamente utilizada mundialmente.
“A ureia é o fertilizante nitrogenado mais popular para o fornecimento de nitrogênio às plantas. No entanto, quando aplicada na superfície do solo, ela pode ser rapidamente hidrolisada pela enzima urease, levando à perda de amônia por volatilização. Isso resulta em prejuízos econômicos para os agricultores e em impactos ambientais negativos, como a contaminação de ecossistemas aquáticos e terrestres”, destaca Cassim.
Para enfrentar esse problema, a equipe de pesquisadores incorporou micronutrientes e o estabilizador NBPT aos grânulos de ureia, reduzindo significativamente a volatilização do nitrogênio. Segundo Cassim, essa formulação inovadora melhora o aproveitamento dos nutrientes e potencializa a produtividade das lavouras.
“A adição do NBPT e de micronutrientes, em macro ou nanoescala, aos grânulos de ureia reduz as emissões gasosas de nitrogênio e aumenta sua disponibilidade para as plantas”, explica o pesquisador.
A nova tecnologia foi desenvolvida para atender tanto pequenos quanto grandes produtores e pode ser aplicada no momento da semeadura, fornecendo nitrogênio e micronutrientes essenciais ao crescimento inicial das plantas. No entanto, Cassim ressalta que a principal recomendação é sua utilização na adubação de cobertura, etapa em que a redução das perdas por volatilização se torna mais eficiente.
Atualmente, o fertilizante encontra-se em fase de testes e desenvolvimento. Estudos conduzidos em laboratório e em campo têm apresentado resultados promissores, mas ainda há desafios a serem superados.
“Precisamos entender melhor algumas interações físico-químicas entre o estabilizador NBPT e os micronutrientes antes de disponibilizar o produto comercialmente”, explica Cassim. No entanto, ele se mostra otimista em relação ao impacto positivo da tecnologia na produtividade agrícola. “Estamos confiantes de que esse fertilizante multinutriente de eficiência aumentada pode melhorar tanto o rendimento quanto a qualidade dos cultivos, especialmente em regiões onde a deficiência de micronutrientes é um problema crescente”, conclui.
O estudo recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e foi desenvolvido em parceria com o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/USP). A patente é fruto de projetos de doutorado e pós-doutorado sob a orientação do professor Rafael Otto, da Esalq. Além de Cassim, o desenvolvimento contou com a participação dos pesquisadores Izaias Lisboa e Frederico Pereira, da Esalq, e Clelber Prestes, do Cena/USP.
Compartilhe este artigo:
Veja também:
Você também pode gostar
Confira os artigos relacionados: