Possível falta de MPB pede planejamento do produtor
Os diversos problemas na rebrota da cana, devido a muitas áreas atingidas na última temporada de incêndios e a primavera seca; somados ao crescente número de produtores adeptos ao sistema de meiosi e a adoção de um senso varietal mais denso, ambas práticas tendo como premissa a sanidade, fizeram com que a busca pelas MPBs (Mudas Pré-Brotadas) escalonasse nos últimos meses.
Por outro lado, a saída de importantes players do segmento, mesmo com a adoção de produções próprias em usinas e produtores, já causa uma queda na oferta das pequenas canas.
Tal conjuntura, pelo menos até o fechamento deste texto (10/02), ainda não inflacionou o produto, contudo os produtores que têm em seus planos o uso das mudas, seja na formação de uma cantosi ou na correção de falhas, precisa ficar atento e fazer o seu pedido com pelo menos 90 dias de antecedência, tempo médio de produção para a planta sair da gema e estar apta para encarar as adversidades do campo.
O diretor de agronegócios da Hess MPB, Rafael Silveira Lodo, recebeu a reportagem da Revista Canavieiros e mostrou os detalhes do cuidadoso processo de fabricação.
Tudo começa nos jardins clonais, áreas registradas no Mapa (Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento), que receberão as variedades diretamente dos programas de melhoramento genético com atestado de sanidade garantidos.
As plantas se desenvolvem entre sete e nove meses recebendo adubação diferenciada e também passando pelo processo de “roguing”, que consiste no manejo de plantas daninhas e arranquio de touceiras que demonstrem alguma doença transmitida pelo ar, sendo as mais comuns o carvão, o mosaico e o amarelinho numa escala menor.
Após o corte, onde as canas são retiradas inteiras, são extraídos os minirrebolos guilhotinados em discos de três centímetros, que vão diretamente para um tratamento térmico e outro químico/biológico (que recebem fungicidas e enraizadores).
Finalmente chega a hora do plantio, sendo os rebolos enterrados num substrato em pequenas repartições de uma espécie de bandeja.
Na etapa seguinte elas são colocadas numa câmara de brotação (uma estufa com umidade e temperatura reguladas) permanecendo ao longo de sete a 10 dias. De lá elas entram na câmara de aclimatação, local que ficam ao longo de 15 a 30 dias tendo os raios solares controlados, sofrendo podas regulares nas folhas e recebendo fertirrigação.
O último estágio é o de rustificação, quando saem pela primeira vez da proteção das estufas e são postas nos chamados “berços”, estruturas de madeira e cabos de aço no tamanho para serem colocadas as bandejas.
Lá, dependendo da característica genética da variedade, elas ficam de 15 dias e podem permanecer até seis meses. Um detalhe dessa fase destacada por Lodo são os 100% de padronização, que consiste na retirada do lote de compra aquelas que ainda não atingiram o patamar de qualidade definido pelo viveirista.
Sobre a conjuntura de mercado, o empreendedor acredita que a demanda ainda ficará por um bom tempo seguindo sua trajetória ascendente. Isso em decorrência do processo de evolução técnica dos produtores, que adotam em cada vez maior número manejos que aumentem a produtividade do canavial, o que via de regra passa pela sanidade e desagua nas mudas pré-brotadas.
Sua crença nesse futuro é comprovada ao ver os investimentos da empresa na ampliação da sua capacidade de produção.
Fonte: Revista Canavieiros
Escrito por: Marino Guerra
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