Previsões climáticas e forte moagem pressionam preços do açúcar para baixo

Após uma breve recuperação que levou os preços do açúcar bruto a 20 centavos por libra-peso, o mercado voltou a registrar queda acentuada na última semana, recuando para 18,96 c/lb – uma desvalorização de quase 4%. A retração foi impulsionada pelas chuvas no Centro-Sul do Brasil, que aliviaram as preocupações com a seca registrada em fevereiro e no início de março, além de uma forte moagem de cana-de-açúcar reportada pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA).
Segundo análise da Hedgepoint Global Markets, a moagem na primeira quinzena de março foi significativamente forte, com 37 usinas já em operação e outras 19 prestes a iniciar a safra 2025/26 até o fim de abril. Esse ritmo acelerado aumenta a confiança do mercado de que o Brasil poderá ultrapassar as 620 milhões de toneladas de cana, podendo até atingir 630 Mt, de acordo com Lívea Coda, coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint.
“A seca de fevereiro não deve ser ignorada, mas com as chuvas recentes e previsões positivas, continuamos otimistas para a temporada 2025/26”, destacou.
Clima favorável e impacto no mercado global
As previsões do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) para abril, maio e julho apontam um cenário climático dentro da média histórica, o que fortalece ainda mais a perspectiva de uma safra saudável. A condição climática favorável reduz os riscos de quebra de safra e restringe o suporte aos preços do açúcar, que tendem a cair diante da oferta abundante.
Mesmo com possíveis fatores externos de alta, como uma eventual proibição de exportações por parte da Índia, o bom desempenho do Centro-Sul brasileiro poderia mitigar os impactos globais na volatilidade dos preços.
Com o aumento de sua participação no comércio internacional, o Brasil se torna peça-chave na formação dos preços globais do açúcar. Em momentos de instabilidade ou queda na produção de outros países produtores, a produção robusta brasileira atua como fator de equilíbrio, evitando oscilações mais bruscas nos preços internacionais.
“Um resultado saudável no Brasil pode suavizar as reações do mercado a notícias externas, reduzindo a volatilidade”, afirma Lívea Coda.
Perspectivas para o setor
Diante do cenário atual, o mercado observa com atenção o desempenho climático em abril, que será determinante para confirmar as projeções otimistas da safra 2025/26. Ao mesmo tempo, segue monitorando movimentações internacionais e eventuais mudanças na oferta de grandes players como Índia, Tailândia e União Europeia.
Enquanto isso, os preços do açúcar seguem sob pressão, refletindo a força da safra brasileira e o protagonismo crescente do país no mercado global de commodities agrícolas.
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