Setor projeta manutenção da meta de 48,1 milhões de CBios em 2026 após encerramento da consulta pública
Geração prevista para o próximo ano supera demanda individualizada; preços seguem pressionados e liquidez diminui em 2025
Com o encerramento da consulta pública das metas de descarbonização para o ciclo 2026-2035, formou-se no mercado o entendimento de que a meta compulsória de 2026 deve permanecer em 48,1 milhões de Créditos de Descarbonização (CBios). A avaliação está em análise divulgada pela Consultoria Agro do Itaú BBA, que acompanhou as discussões e atualizou o comportamento do programa RenovaBio até outubro de 2025.
A decisão final será tomada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) na reunião marcada para 3 de dezembro, quando será votado o conjunto de metas do novo decênio. A expectativa de estabilidade decorre do fato de que, ao contrário de anos recentes, o Ministério de Minas e Energia (MME) não sinalizou qualquer mudança antes ou durante a consulta, movimento que, no passado, antecipou reduções nas metas anuais.
Durante a consulta, produtores de biocombustíveis defenderam metas mais ambiciosas, enquanto distribuidoras pediram cortes, argumentando sobre custos de aquisição e altos estoques. Apesar da disputa, nenhuma sugestão apresentada pelo MME reforçou a possibilidade de revisão, o que sustenta a leitura de que prevalecerá o volume originalmente previsto.
Geração, aposentadorias e estoques indicam equilíbrio em 2025
Para 2025, o Itaú BBA estima geração de 41,9 milhões de CBios, frente a metas individualizadas que somam 49,5 milhões após o abatimento dos contratos de longo prazo e a inclusão de obrigações remanescentes. A projeção aponta redução dos estoques ao longo do ano, mas o banco calcula que 7,4 milhões de títulos não serão aposentados. O total efetivamente aposentado deve alcançar 42,1 milhões, mantendo os estoques finais próximos aos iniciais, em torno de 16,4 milhões de créditos.
Dados consolidados até outubro mostram que os estoques totais do sistema chegaram a 40 milhões de CBios, aumento de 971 mil no mês. A parte obrigada ampliou seu saldo para 14,49 milhões, enquanto os emissores elevaram sua posição a 15,89 milhões.
No ano-meta, as distribuidoras já adquiriram 35,84 milhões de CBios, incluindo 181 mil entregues antecipadamente, diante de uma meta que, somada aos ajustes regulamentares, é de 49,5 milhões para 2025.
Oferta supera demanda em 2026, mesmo com meta mantida
Para 2026, a projeção de geração é de 44,7 milhões de créditos. Considerando descontos de 3 milhões de CBios dos contratos de longo prazo, a meta individualizada de 2026 ficaria em 45,1 milhões, praticamente em linha com a oferta projetada.
Embora a meta compulsória permaneça em 48,1 milhões, esse equilíbrio entre geração e obrigação reduz pressões de curto prazo e contribui para a manutenção dos estoques em patamar elevado. Para o Itaú BBA, a estabilidade da meta é condição essencial para evitar volatilidade adicional no mercado.
Os preços dos CBios recuaram novamente em outubro, encerrando o mês a R$ 35,30 na B3, baixa de 14% em relação a setembro e 42% inferior à média do ano-meta. No acumulado de 2025, o preço médio está em R$ 61, queda de 25% na comparação com 2024.
A liquidez também diminuiu: o volume negociado no mês foi de 6,91 milhões de créditos, retração de 19% sobre o mês anterior e de 33% ante outubro do ano passado. No acumulado do ano calendário, as operações somam 70,1 milhões, 7% abaixo do volume negociado em igual intervalo de 2024.
Emissões crescem em outubro, mas ainda abaixo de 2024
Os emissores depositaram 3,99 milhões de CBios em outubro, incremento de 16% frente a setembro. O volume, porém, ficou 5% abaixo do registrado no mesmo mês de 2024. No acumulado até outubro, as emissões totalizam 35,79 milhões, avanço de 2% ante o período equivalente do ano anterior.
A análise relembra que o Decreto 11.141/2022 chegou a flexibilizar os prazos de comprovação, permitindo o cumprimento das metas até 31 de março do ano seguinte. Porém, em abril de 2023, o MME reverteu a mudança e restabeleceu o prazo final de 31 de dezembro, regra hoje em vigor para aposentadoria anual dos CBios.
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