Uso estratégico do subproduto eleva eficiência da adubação, reduz custos e fortalece sustentabilidade no campo

No 19º Encontro sobre Variedades de Cana-de-Açúcar & Novas Técnicas de Fertilização, realizado recentemente, em Ribeirão Preto – SP, o consultor Pedro Henrique Cerqueira Luz apresentou a palestra “Vinhaça Localizada: uma estratégia para otimizar a adubação” e defendeu o uso direcionado do subproduto como peça central no manejo moderno da cana.

A vinhaça, rica em nitrogênio, potássio e enxofre, ganha protagonismo quando aplicada de forma planejada, com base em ETOECA (Estudo Técnico Operacional e Econômico Ambiental). Segundo Luz, o segredo está em alinhar solo, clima, variedade e operação. “Antes de falar em dose ou lâmina, é preciso construir o perfil do solo, sistematizar a área e escolher a variedade adequada para o ambiente correto”, destacou.

O processo envolve etapas práticas: análise de fertilidade, textura e classificação dos solos, integração com dados climáticos e uso de topografia terrestre e drones para mapear o ambiente de produção. Em áreas bem estruturadas, a vinhaça localizada potencializa resultados quando associada a corretivos como calcário, gesso e agrosilício S, que fortalecem a resistência da planta; ao uso de condicionadores biológicos com leonardita e micro-organismos; e à adubação de precisão com potássio, magnésio, enxofre, boro e manejos foliares de micronutrientes.

“Sem vida no solo, não há sustentabilidade. É preciso criar um bioma equilibrado, onde a ciclagem de nutrientes funcione como em uma floresta”, afirmou Luz. Estudos apresentados mostraram que a técnica reduz custos com fertilizantes minerais, otimiza insumos e mitiga riscos ambientais.

O modelo já evidencia ganhos expressivos em TCH (toneladas de cana por hectare) e ATR, com maior previsibilidade para usinas e produtores. Para o consultor, a vinhaça deve ser tratada como insumo estratégico e não como resíduo. “Estamos diante de uma mudança de paradigma. A vinhaça localizada é chave para quem busca produtividade com sustentabilidade”, concluiu.