StoneX prevê superávit global de 2,8 milhões de t de açúcar em 2025/26

Oferta robusta do Centro-Sul brasileiro e recuperação indiana devem manter pressão sobre preços do açúcar
A StoneX revisou suas estimativas para o mercado mundial de açúcar e agora projeta um superávit global de 2,8 milhões de toneladas na safra 2025/26 (outubro a setembro). A avaliação considera a continuidade da forte produção do Brasil, especialmente no Centro-Sul, e a estabilidade da produção indiana.
Segundo o analista Marcelo Di Bonifácio Filho, da consultoria, a formação de preços tem sido guiada menos por fundamentos de produção e mais pelos fluxos comerciais e pelos estoques elevados. “Os importadores seguem cautelosos, aproveitando a atual fase de preços baixos sem pressionar o mercado com compras volumosas”, disse.
O excedente produtivo de 2023/24, combinado ao recorde de exportações brasileiras em 2024, resultou em estoques elevados nos principais mercados consumidores. No Centro-Sul, entre abril e agosto, o mix açucareiro superou 52% da moagem, reforçando o protagonismo brasileiro na oferta global. A StoneX aponta que a tendência deve se manter em 2025/26, pressionando os preços internacionais no médio prazo.
Para 2026/27, a consultoria antecipa um salto de mais de 20 milhões de toneladas na moagem do Centro-Sul, com recuperação do ATR e manutenção de um mix açucareiro elevado. O avanço do etanol de milho, projetado em 11,4 milhões de m³, também deve ampliar a disponibilidade de açúcar, com oferta global estimada em 41,7 milhões de toneladas em 2025/26.
Índia mantém estabilidade e incerteza nas exportações
Na Índia, a previsão da StoneX permanece em 32,3 milhões de toneladas, já considerando 4,5 milhões de toneladas destinadas ao etanol. O clima favoreceu a recuperação em estados como Maharashtra e Karnataka, onde as chuvas de agosto ficaram 5% acima da média histórica.
O ponto de atenção está na decisão do governo sobre liberar ou não exportações. A ISMA (Indian Sugar Mills Association) pediu autorização para 2 milhões de toneladas, mas os preços internos continuam mais atrativos do que a paridade de exportação, reduzindo a viabilidade comercial.
Déficit de 4,7 milhões de t em 2024/25 antecede virada
Para a temporada atual, 2024/25, a StoneX calcula déficit global de 4,7 milhões de toneladas, resultado da queda combinada de 9,3 milhões de toneladas na produção de Brasil e Índia. Durante os próximos meses, a consultoria alerta para riscos na oferta de açúcar refinado: refinarias comprando menos açúcar bruto podem reduzir os volumes disponíveis para reexportação.
“O diferencial Londres-NY será crucial”, reforça Di Bonifácio. “Se a demanda por açúcar branco acelerar no fim de 2025 e início de 2026, a pressão altista pode aumentar rapidamente”.
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