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Produtor paulista mantém “modo de defesa” na safra 2025/26

Cenário de crédito caro, juros altos e rentabilidade apertada limita investimentos e incentiva foco na eficiência operacional

O levantamento conduzido pelo Sistema Faesp/Senar junto a 263 produtores rurais de 117 municípios paulistas revela um quadro de cautela generalizada no campo. A pesquisa buscou entender as perspectivas e os principais desafios enfrentados pelos produtores na safra 2025/26, e confirma um ambiente de incerteza econômica e financeira que desestimula novos investimentos.

Mais da metade dos entrevistados (53,4%) afirmou não pretender investir nesta safra. A maioria pretende manter o mesmo nível de tecnologia e área cultivada, sinalizando uma postura de contenção. Os principais fatores que explicam essa prudência são os altos custos de produção (78,5%), as taxas de juros elevadas e incompatíveis com a atividade (68,6%) e a dificuldade de acesso ao crédito rural (48,3%).

A combinação entre inadimplência crescente, escassez de crédito e predomínio de linhas com juros livres cria um cenário de forte restrição financeira. Assim, o produtor opta por preservar a operação e controlar custos, em vez de ampliar área ou incorporar novas tecnologias.

Enquanto a Conab projeta uma safra recorde de 354,7 milhões de toneladas de grãos no Brasil, com alta de 3,3% na área cultivada, o sentimento no campo paulista é de prudência. Os resultados da pesquisa mostram uma dissonância entre o otimismo nacional e a realidade regional, marcada por margens comprimidas e crédito restrito.

Estrutura produtiva e perfil dos respondentes

Entre os produtores consultados, 81,3% são proprietários de terra, sendo as atividades de grãos, cana-de-açúcar, hortaliças, bovinocultura e café responsáveis por 71% do total de respostas. Ainda que produtores de grãos e hortaliças apresentem maior presença de terras arrendadas, essa participação não supera 20% do grupo.

Nas decisões de investimento, há forte contraste entre culturas. Mais de 70% dos produtores de cana e grãos não pretendem investir, enquanto 72,7% dos cafeicultores planejam destinar recursos à infraestrutura e equipamentos — impulsionados por preços e rentabilidade mais favoráveis.

Áreas e tecnologia: manutenção prevalece

A pesquisa mostra que 63,4% dos produtores pretendem plantar a mesma área da safra anterior. Entre os grãos, 28,3% planejam reduzir, enquanto 35,1% dos horticultores e 25% dos cafeicultores esperam ampliar o cultivo. Na cana-de-açúcar, 76,7% devem manter o tamanho da área, e 16,3% projetam redução.

Em relação ao uso de insumos e defensivos, 57,9% afirmaram que manterão o mesmo pacote tecnológico. A tendência de redução é mais evidente entre grãos (28,3%), cana (25,6%) e hortaliças (24,3%), enquanto o café se destaca pelo aumento planejado (27,3%).

Endividamento e crédito

Embora 63,8% dos entrevistados não possuam dívidas em aberto da safra passada, 36,2% ainda têm compromissos financeiros — majoritariamente (30,7%) com instituições financeiras. As altas taxas de juros e a lucratividade reduzida foram mencionadas por mais de metade dos produtores como obstáculos centrais ao crédito rural.

O alto custo de produção, aliado ao crédito caro e escasso, ajuda a explicar a fraca execução do Plano Safra 2025/26, que disponibiliza R$ 516,2 bilhões, mas com maior peso de recursos não equalizados. A dificuldade de acesso também limita o avanço do seguro rural, apesar de 52,3% dos produtores manifestarem interesse em contratar apólices. O alto custo dos prêmios, a cobertura limitada e o bloqueio orçamentário do PSR/2025 agravam a percepção de inacessibilidade.

Perspectiva setorial

A pesquisa da Faesp/Senar aponta que o produtor paulista entra na nova safra em modo de defesa: menos propenso a expandir, mais atento à gestão de custos e eficiência operacional. As altas taxas de juros, a escassez de crédito e os custos crescentes colocam o setor em posição de espera, enquanto as expectativas permanecem ancoradas na recuperação das margens e na melhora das condições de financiamento.

Mesmo diante das turbulências, o estudo sugere que há resiliência e racionalidade econômica no campo paulista. O produtor busca sustentabilidade financeira antes da expansão — um movimento que pode redefinir as estratégias do agronegócio em 2025/26.

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