Consultoria revisa balanço do RenovaBio e projeta dois anos de forte excedente de créditos

Os preços dos CBios voltaram ao menor nível de 2025 em novembro, encerrando o mês a R$ 32,5 por crédito na B3, queda de 8% em relação a outubro e 44% abaixo da média do ano-meta segundo a Consultoria Agro do Itaú BBA. Para o banco, os valores devem permanecer pressionados, já que o mercado segue abastecido por elevada geração de créditos e estoques confortáveis. A consultoria afirma que “os preços tendem a permanecer baixos, a menos que o cenário mude”.

Com a atualização das estatísticas e projeções, o Itaú BBA revisou o balanço do RenovaBio para 2025 e 2026 e confirmou um ambiente de excesso de oferta nos dois anos. A geração total prevista para 2025 subiu para 42,6 milhões de CBios, impulsionada pela maior disponibilidade de etanol da safra de cana no Centro-Sul e pelo aumento de 9% na geração via biodiesel. A expectativa é de encerramento de 2025 com 17,1 milhões de créditos em estoque, volume superior ao de 2024.

Para 2026, o quadro permanece semelhante. A consultoria projeta produção de 44,6 milhões de CBios e manutenção da taxa de cumprimento das metas em 85%. Nesse cenário, o estoque final volta a ficar em 17,1 milhões. O Itaú BBA ressalta que, mesmo em um ambiente com inadimplência zerada, haveria acúmulo próximo de 9 milhões de CBios, sinal de que a oferta deve continuar predominando sobre a demanda no horizonte próximo.

Em novembro, o mercado registrou aumento do ritmo de negociações. Foram 7,70 milhões de créditos transacionados, alta de 11% em relação ao mês anterior e 12% a mais que em novembro de 2024. No acumulado do ano, as negociações somaram 77,7 milhões de CBios. A emissão mensal, porém, recuou 11%, totalizando 3,56 milhões no período.

A parte obrigada aposentou 3,82 milhões de CBios em novembro e chegou a 24,99 milhões no ano-meta 2025. Até 30 de novembro, havia 30,7 milhões de créditos disponíveis no mercado, com 14,31 milhões sob posse das distribuidoras e 15,67 milhões mantidos pelos emissores.

Com o adiamento da reunião do CNPE, as metas compulsórias de 2026 ainda não foram definidas. O banco manteve a referência provisória de 48,1 milhões de CBios. Considerando metas não cumpridas de 2025 e os descontos dos contratos de longo prazo, o total individualizado para 2026 chega a 52,5 milhões.

O Itaú BBA afirma que somente duas mudanças poderiam alterar o cenário de baixa nos preços. A primeira seria um aumento do cumprimento das metas por meio de decisões judiciais e fiscalização mais rígida da ANP. A segunda seria a elevação das metas de redução de emissões, alinhando o programa ao avanço recente das misturas de combustíveis fósseis. Até que isso ocorra, a expectativa é de continuidade da pressão baixista no mercado de CBios.