Canaoeste leva a voz do produtor paulista à WABCG e ao 34º Seminário Internacional da ISO em Londres
Participação reforça debate global sobre remuneração justa, competitividade e governança do setor
A Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo) marcou presença nos principais fóruns internacionais do setor sucroenergético realizados em Londres nos dias 2 e 3 de dezembro. A entidade participou da reunião da WABCG (World Association of Beet and Sugar Cane Growers) e do 34º Seminário Internacional da ISO (International Sugar Organization), integrando a comitiva brasileira e contribuindo para discussões sobre sustentabilidade, competitividade e a remuneração da cana.
O ponto alto da participação foi a apresentação de Almir Torcato, diretor executivo da Canaoeste, durante a programação da ISO. Representando mais de dois mil produtores e três mil e quinhentas propriedades, Torcato abordou os desafios estruturais enfrentados pela pequena e média produção no Brasil e reforçou a necessidade de um ambiente regulatório mais transparente e previsível.
Ao refletir sobre o papel da governança na cadeia sucroenergética, Torcato destacou que o sistema precisa evoluir para proteger o produtor e tornar a remuneração da matéria-prima mais clara. Em sua fala, afirmou que “o Consecana precisa ser justo, transparente e compreensível para o produtor”. Reforçou ainda que o modelo de pagamento praticado atualmente não pode se transformar em fonte adicional de insegurança. Segundo ele, “o Consecana não pode ser mais um fator de risco ou de confusão para o produtor. Precisamos de um sistema que reflita a realidade da produção agrícola e que garanta transparência na formação de preços”.
Desafios simultâneos no campo
Ao apresentar dados estruturados a partir do material institucional da Canaoeste, o diretor demonstrou que o produtor brasileiro convive com um conjunto de pressões constantes. Entre elas estão o aumento dos custos de insumos e de mão de obra, variáveis climáticas, incidência de pragas, mecanização, acordos institucionais, competição por terras e fatores geopolíticos. Ele descreveu esse cenário como um conjunto de “desafios simultâneos que moldam a viabilidade do produtor de cana”.
A fala gerou boa repercussão entre entidades internacionais, que identificaram semelhanças entre os desafios brasileiros e os enfrentados por produtores de outros países.
Modelo de assistência e impacto econômico
A Canaoeste, representada também pelo vice-presidente Marco Roberto Guidi, apresentou em Londres um panorama de seus serviços e dos impactos gerados aos associados. A entidade atua em mais de cento e dez municípios do oeste paulista e mantém treze escritórios regionais formados por agrônomos e equipes multidisciplinares, oferecendo assistência agronômica, geotecnologia, apoio ambiental, serviços jurídicos e uma biofábrica própria.
Durante a apresentação, chamou atenção o retorno econômico proporcionado aos associados. Para cada dólar investido na contribuição associativa, o produtor recebe seis dólares e meio em serviços e suporte técnico, resultado da eficiência dos modelos coletivos de gestão. Outro ponto relevante foi a predominância de pequenos produtores na base da entidade, que representam mais de oitenta por cento dos associados e entregam até seis mil toneladas por safra.
WABCG e ISO ampliam debate sobre governança e competitividade
Na WABCG, a delegação brasileira discutiu temas ligados à remuneração da matéria-prima, ao aumento dos custos de produção e à necessidade de ampliar a representação dos produtores nos principais fóruns globais.
No seminário da ISO, presidido por José Orive, diretor executivo da organização, lideranças governamentais, pesquisadores, agricultores e representantes de empresas de diversos países analisaram tendências do mercado mundial de açúcar, avanços da transição energética, inovação em biocombustíveis e impactos das políticas internacionais sobre a produção agrícola.
A participação da Canaoeste reforçou o protagonismo do produtor brasileiro e ampliou o diálogo internacional sobre governança, sustentabilidade e competitividade da cadeia da cana em um momento de mudanças importantes para o setor.



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