Canaoeste é destaque em webinar sobre tecnologia
O gestor corporativo da Canaoeste, Almir Torcato, foi um dos integrantes do webinar “Cana 4.0: A transformação digital puxando a produtividade e sustentabilidade agrícola”, evento promovido pelo Jornal Cana e que ainda contou com a participação do gestor executivo da Tereos, André Margoto; do coordenador de controle agrícola da Usina São Domingos, Gustavo Federici, e do CTO e fundador da BemAgro, Johann Coelho.
Com o tema “A transformação digital e o desenvolvimento tecnológico para produtores de cana independentes”, Torcato mostrou a representação da Canaoeste dentro da lavoura paulista, a qual engloba 15% do montante de cana de fornecedores do estado, número que dá a noção de magnitude do desafio de manter uma base tão grande de associados gerando valor através da oferta de soluções que atendam à realidade de custos crescentes e margens cada vez menores.
Nesse âmbito, destacou o trabalho de construção de um robusto banco de dados, que já dura quatro anos, como a base que possibilita a introdução constante de ferramentas criadas a partir de conceitos modernos da tecnologia da informação.
Dentre as soluções prontas, o gestor destacou o Mapa de Biomassa, o Alerta de Incêndios, a organização dos PAMs (Planos de Auxílio Mútuo), o sistema de segurança no campo, em parceria com a Polícia Militar, denominado GPS Rural, entre outros.
Ele ainda pontuou que o conteúdo desse banco de dados está sendo modelado no sentido de responder a questões comerciais e logísticas, o que será fundamental para os associados dinamizarem seus manejos montando, por exemplo, blocos de colheita e condomínios rurais inteligentes, e definiu o objetivo maior numa simples frase: “quando a informação é agregada de maneira lógica, ela trabalha a favor”.
No encerramento, Torcato comprovou o sucess desse caminho trilhado pela associação através dos números de participação dos associados em 2020, onde cada um foi atendido numa média de 8,64 vezes a um custo de pelo menos um quarto em relação ao que ele gastaria se fosse ao mercado em busca de serviços técnicos, jurídicos, ambientais, imagens, tecnológicos e outros.
Após a apresentação, os participantes realizaram um rápido debate sobre a eficiência do sistema de monitoramento de incêndios através do uso de imagens via satélite. André Margoto (Tereos) questionou sobre como a associação conseguiu resolver o problema dos “falsos positivos” (pontos que o sistema acusa a presença de fogo inexistente).
A solução encontrada pela Canaoeste foi um trabalho intenso no sentido de calibrar o sistema considerando principalmente a relação de raio de alcance, umidade, temperatura e vento. Torcato também ressaltou que não espera a perfeição na ferramenta: “ela precisa funcionar igual ao sistema de abertura de cancela nos pedágios, precisamos aceitar que uma hora ou outra haverão falhas”.
Já na São Domingos uma das principais dificuldades está nos mapas de localização das propriedades, o que, inclusive, foi um diferencial da Canaoeste por ter conseguido ser umas das pioneiras no uso dessa ferramenta, isso pelo trabalho intenso na configuração do banco de dados, como dito anteriormente na apresentação, que sempre incluiu o uso de imagens.
No segmento da conversa, outros assuntos sobre o tema foram debatidos, como a questão da agricultura 6.0, mais especificamente na utilização de máquinas não tripuladas, que foi levantada por um participante, por querer saber como o grupo Tereos trabalha o tema. Segundo Margoto, a tecnologia já está nos canaviais operando ainda em fase de testes.
A gestão de mudança, tão fundamental no processo de adoção tecnológica, também foi outro tema direcionado ao representante do grupo agroindustrial, que ressaltou o grande apoio da diretoria como fator importante no entendimento dos colaboradores envolvidos com determinada adoção.
Outro ponto ressaltado foi a quebra do misticismo, ou seja, fazer as pessoas entenderem o que é a transformação digital, traduzindo os termos técnicos que confundem bastante, deixando os conceitos mais compreensíveis: “quando as pessoas enxergam que não tem nada de místico, passam a entender, a gostar e a querer”, disse Margoto.
Na visão de Federici é necessário que a empresa delete algumas frases prejudiciais ao processo, como: “Sempre foi assim”, “Está funcionando, para que mexer?”, “Toda tecnologia custará muito caro” e “Os funcionários mais antigos não vão conseguir”.
Em sua apresentação ele destacou o planejamento desenvolvido para a aplicação de 28 projetos desde novembro de 2018 divididos em três ondas: ações emergenciais, melhorias tecnológicas e transformação e inovação. Este é um bom exemplo para que produtores de todos os tamanhos planejem melhor sua entrada no mundo tecnológico.
Quanto aos resultados desse programa, ele mostrou evolução real de 2019 para 2020 em 32% no tempo parado da frota de colhedoras, o que gerou a colheita de 1,3 tonelada por hectare a mais de cana.
No âmbito do aumento da produtividade, ele enumerou o “timing correto” da execução de manejos (proporcionada pela tomada de decisão on-line), ao lado do tráfego controlado na lavoura e a economia de insumos, resultados que influenciaram para o TCH (toneladas de cana por hectare) sair de 77,26 em 2016 para 86,90 em 2020; e o TAH (toneladas de açúcar por hectare) sair de 10,7 há cinco anos e fecharem 12,35 no ano passado.
Escrito por: Marino Guerra
Fonte: Revista Canavieiros