Geadas prejudicam produção de cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto (SP)
A segunda onda de frio do inverno, que deixou os termômetros próximos de 0°C, causou prejuízos para produtores de cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto (SP). Por conta dos danos, a produção pode ser menor na próxima colheita, segundo agricultores.
Em Jardinópolis (SP), o tempo frio e seco, junto à geada que atingiu a região na última semana, causou perda de cerca de 20% em um canavial. O produtor Gustavo Guimarães Lamonato afirma que o dano foi generalizado.
“Normalmente a gente vê isso em pontos localizados, mas esse ano foi bem extenso. A qualidade da matéria-prima vai diminuir, as usinas vão ter perdas de sacarose, e a gente vai ter perda de peso também”, prevê.
Para calcular os prejuízos do tempo aos canaviais, a Associação dos Plantadores de Cana do Oeste de São Paulo está mapeando as regiões mais afetadas. Em Sertãozinho (SP), por exemplo, a terra ficou coberta de gelo onde já houve colheita.
O agrônomo André Bosch Volpe explica que as baixas temperaturas congelam e matam a planta por dentro, afetando diretamente a gema apical, que é o ponto responsável pelo crescimento da cana-de-açúcar.
“A cana continuaria crescendo a partir desse ponto, então dependendo do dano que ocorre, da intensidade da geada e do dano que ocorre na gema apical, essa cana pode chegar a morrer. Ela começa a deteriorar de cima para baixo, da ponta para o pé”, afirma.
Colher antes da hora o que foi afetado é a solução para que as usinas possam usar o que restou, mas, agora, a planta possui menos valor energético, segundo Volpe. Com isso, o preço das produções de açúcar e etanol pode aumentar.
“Isso, possivelmente, deve afetar o valor de açúcar e etanol para mais; talvez para o fim da safra. A hora que entrar o fim da safra, a gente vai conseguir quantificar, de fato, quanto isso afetou em quebra de produção e, com certeza, vai começar a refletir em preço”, diz.
Além da cana-de-açúcar, a geada também afetou a Área de Preservação Ambiental da plantação. O frio intenso foi responsável pela morte de mudas nativas, conforme explica o gestor ambiental Fábio Solera.
“Algumas mudas estavam se recuperando; a gente achou que a recuperação ia acontecer, e veio a segunda geada. A segunda geada danificou um pouco mais a brotação das mudas, então agora estamos aguardando para ver se vamos ter que fazer todo o replantio”, ressalta.
Confira a matéria em vídeo no link: https://globoplay.globo.com/v/9715249/
Fonte: G1