Abertura da safra 2024/25 ocorre sob novo momento da Canaoeste

Apesar da estimativa de quebra na produtividade, Canaplan projeta preços de açúcar e etanol em alta na safra atual

03/05/2024 15:27

Produtores mais conscientes sobre a necessidade de fortalecimento da associação como entidade que defende seus interesses. Esse foi um dos aspectos mais evidentes no evento Abertura de Safra, promovido pela Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo), na sexta-feira, dia 26, no auditório da entidade, em Sertãozinho-SP.

“A grandiosidade do ato associativo é essa comunhão de interesse comum. E todo mundo fazendo parte de uma associação que consegue fazer frente às nossas necessidades. Nós temos braços, vamos até determinado espaço. A partir desse braço, a ORPLANA (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil) pega o bastão e leva para outro espaço. Então, acho que é esse conceito associativo: vocês associados a nós, nós associados à ORPLANA, que vai conseguir construir um caminho sustentável e digno para a atividade de produção de cana”, ressaltou, na ocasião, o gestor executivo da Canaoeste, Almir Torcato, ao mencionar a exitosa caravana da Canaoeste, com mais de 40 associados, durante o Cana Summit, em Brasília, entre os dias 9 e 12 de abril.

A palestra com projeções e perspectivas do setor bioenergético ministrada pelo diretor da Canaplan, Luiz Carlos Corrêa Carvalho (Caio Carvalho), também foi um dos pontos altos do evento.

Instabilidade internacional, turbulência na política interna, tendência de poucas chuvas no último terço de safra e, apesar disso, o preço do açúcar deve seguir com uma margem muito boa e o etanol com 12% do preço médio do ano passado. Esse foi o cenário traçado por Caio Carvalho.

“A transição energética deverá ser mais lenta do que gostaríamos. 2024 será um ano difícil, com eleições externas, como a dos Estados Unidos, e internas (eleições municipais), que costumam travar o ambiente político, com constantes ameaças do governo de intervenção nas estatais (como definição dos preços da Petrobrás), que colocam em risco a competitividade do etanol”, apontou Caio.

Carvalho destacou, também, a queda de produtividade da safra atual em relação à passada, que foi recorde, com uma moagem de 654 milhões de toneladas de cana. “A safra 2023/24 teve números impressionantes, que só deverão ser alcançados novamente daqui a 15 ou 20 anos. Para esta safra, estamos trabalhando com três condições: a safra será seca, restando saber se será mais ou menos seca, o que fará muita diferença, devendo fechar, em média, na casa das 600 milhões de toneladas. Ou seja, vamos ter 54 milhões a menos, o equivalente a uma Austrália inteira, ou uma Tailândia inteira”, comparou Carvalho.

Associativismo em alta

O presidente da Canaoeste, Fernando dos Reis Filho, ressaltou que, independentemente dos cenários apresentados, a Associação seguirá trabalhando firme na defesa dos produtores. “Sabemos que a atividade agrícola é marcada por grandes desafios, contando sempre com muitas previsões e muitas incertezas. Mas nós, da Canaoeste, temos uma certeza: a certeza de que vamos trabalhar muito para que todos nossos associados tenham uma boa safra”, disse Fernando.

O vice-presidente da Canaoeste, Marco Roberto Guidi, falou sobre a importância do compartilhamento de informações. “O melhor presente que podemos dar aos nossos associados é essa gama de informações. Temos uma equipe que não mede esforços para colocar as soluções em prática. Estamos num momento crucial, um divisor de águas, com necessidade de sermos o maior exportador de cana para o SAF (combustível de aviação) e, para isso, há necessidade de matéria-prima. Então, se nós tivermos união, a gente se fortalece perante a indústria”, observou.

O gestor executivo da Canaoeste, Almir Torcato, destacou o trabalho da associação almejando a entrega aos associados de “soluções inovadoras, visando não só à busca pela eficiência, mas também à sustentabilidade e à redução de custos para o produtor, lembrando que existem algumas questões que fogem do controle do produtor, como clima, pragas e queimadas, enfatizando a importância do fortalecimento da Associação, por meio de maior participação dos associados, para tratar das questões de representatividade, lembrando a ativa participação da Canaoeste na edição do Cana Summit, em Brasília, com mais de 40 associados.

“Percebi a grandiosidade da nossa Associação. Fomos a que mais levou produtores e pudemos falar das nossas dores. Conscientizei-me um pouco mais da importância de estarmos atentos a essa parte política, que tanto influencia no nosso dia a dia, e a Canaoeste tem um papel muito importante defendendo os nossos interesses, também, em Brasília”, destacou Flávia Varela, uma das produtoras que acompanhou a caravana à Brasília.

Para o produtor João Marcelo Balieiro, o evento contribuiu para o entendimento da importância de fazer parte de uma associação. “Até então, o máximo que a gente conseguia chegar era bem limitado. A Canaoeste nos permitiu estar em Brasília, sentados lado a lado com o vice-presidente da República, governadores, ministros e deputados. Essa participação me abriu novos horizontes para entender, de fato, como é importante a atuação da nossa Associação”, disse.

“Quem conhecer um produtor que ainda não faz parte da Canaoeste, que o traga para cá, pois é importante e aumenta a nossa força também”, complementou a produtora Fernanda Carvalho de Oliveira, também bastante satisfeita por ter integrado a comitiva que participou das ações em Brasília.

Certificação Bonsucro

O diretor da ORPLANA, Eduardo Vasconcellos Romão, parabenizou os produtores certificados pela Bonsucro, ressaltando a importância do trabalho desenvolvido em conjunto com a Canaoeste, por meio do Programa SEMEIA, e destacou a participação ativa do presidente da Canaoeste, Fernando Reis Filho, lembrando que “a maior comitiva de produtores no Cana Summit foi a da Canaoeste”, informou.

Durante o evento de abertura de safra, o gestor Operacional de Sustentabilidade da Canaoeste, Fábio de Camargo Soldera, fez uma explanação sobre o SEMEIA, programa desenvolvido pela Associação e cujo nome é formado pelas iniciais das palavras “Sustentabilidade”, “Economia”, “Meio Ambiente”, “Ecoeficiência” e  “Inteligência Agronômica”. O programa já vem apresentando resultados expressivos, inclusive com produtores sendo certificados pela Bonsucro.

A cerimônia de premiação, com a entrega da certificação, realizada durante o evento, contemplou 12 produtores associados da Canaoeste, que respondem por 26 propriedades, que totalizam cerca de 17 mil hectares e somam, aproximadamente, 1.100.000 toneladas certificadas.

Além da premiação aos produtores com a certificação Bonsucro, a Abertura de Safra abrigou também o “Espaço Sicoob Cocred”, uma das principais cooperativas financeiras do Brasil, falando sobre suas linhas de crédito e financiamentos e sobre o lançamento de uma linha específica para os produtores de cana certificados.

A “Abertura de Safra 2024” contou com a participação de um grande número de associados e foi finalizada com um almoço de confraternização.

Deixe seu comentário