Controle Biológico
O controle biológico no Brasil iniciou-se junto ao Instituto Biológico de São Paulo, criado em 1927 durante o governo do Dr. Júlio Prestes. A princípio, o IB baseou–se em uma organização técnica que era exclusivamente para combater a broca do café. Existem dados que relatam a primeira liberação de vespas parasitas(Prorops nasuta) oriundas da Uganda para controlar a broca do café (Hypothenemus hampei) na cidade de Campinas em 1930.
Tratando-se de cana-de-açúcar, o controle biológico teve seu início na década de 1960 com o professor Domingos Gallo utilizando moscas nativas para controlar a broca-da-cana. Na década seguinte, o prof. Gallo estimulou os usineiros a construírem laboratórios para produzir a vespa Cotesia flavipes, inicialmente importada de Trindad-Tobago em 1971 e posteriormente do Paquistão. Esse controle biológico fez muito sucesso pois diminuiu drasticamente os problemas de logística de armazenamento e transporte e logo se tornou uma das principais estratégias de manejo no país.
No início dos anos 2000 o cenário passou por mudanças quando as empresas de produtos biológicos foram submetidas a registrar seus produtos na legislação de defensivos químicos.
Um fator que contribuiu foi a criação de um novo método: o registro de produtos biológicos para uso na agricultura orgânica.
Através deste, as cepas registradas podem ser exploradas, com autorização, por inúmeras empresas. O processo de registro passou a ser mais simples, rápido e econômico.
A legislação foi modificada para dar preferência ao registro de biológicos de acordo com o crescimento de mercado do mesmo e devido aos problemas identificados pelo uso constante dos defensivos químicos. Outra melhoria na legislação foi o registro de biológicos por alvo como ocorre com os defensivos químicos.
No Brasil, considerando o ritmo de crescimento dos últimos anos, acredita-se que a área onde se utiliza controle biológico é superior a 70 milhões de hectares, sendo 6,6 milhões de ha apenas de cana-de-açúcar. Um ponto de destaque é o aumento do número de produtos biológicos registrados no Brasil: em 2005 existia apenas 1 e, em 2023, o país atingiu a marca de 482 produtos biológicos registrados.
O mercado brasileiro deverá encerrar a safra 23/24 em alta de aproximadamente 70% na comparação anual, atingindo R$ 5,6 bilhões, amparado pela alta demanda dos produtos biológicos pelos produtores de cana, soja, milho e algodão.
O controle biológico pode ser realizado junto com o controle químico, tornando o manejo mais eficiente e sustentável. Além disso, se torna uma estratégia de controle muito mais segura pois reduz os impactos ambientais causados pelo uso recorrente de defensivos químicos. Esse último ponto é de extrema importância devido a grande pressão por uma produção social e ambientalmente correta imposta sobre o agro.
Notavelmente, este controle é uma das principais estratégias adotadas para o manejo de pragas na cana-de-açúcar. O Departamento Técnico da Canaoeste está preparado para auxiliar seu associado na adoção destas tecnologias. Procure o agrônomo da sua regional.
Victor Prati Gilbert
Assistente técnico agronômico