Por que realizar análise de água para irrigar Cana-de-Açúcar?

A água é o elemento vital que pulsa no coração da produção de cana-de-açúcar. Sua função vai muito além da nutrição do canavial; ela é a base para a proteção da lavoura e para a conformidade com as mais exigentes legislações. Neste artigo, exploraremos como a análise de água se transforma em sua principal aliada estratégica, pavimentando o caminho para uma produtividade elevada, um solo ecologicamente equilibrado, a segurança de seus colaboradores e a conquista de certificações renomadas como a Bonsucro e a RenovaBio, que abrem novas portas no mercado.
Por que a qualidade da água faz toda a diferença para a produção da cana?
Para o sucesso na cultura da cana-de-açúcar, olhar para a qualidade da água é tão importante quanto cuidar do solo e da planta. A cana depende de água de boa procedência em todas as suas etapas, desde a irrigação que sustenta seu crescimento até a aplicação precisa de nutrientes e defensivos. Quando a qualidade é negligenciada, os problemas surgem de forma silenciosa, minando a produtividade da lavoura e elevando os custos operacionais. Investir na qualidade da água é, portanto, proteger o investimento e garantir uma colheita mais saudável e rentável.
Olha só o que uma água de má qualidade pode causar:
- Afeta diretamente o crescimento da cultura, alterando o pH do solo e prejudicando a absorção de nutrientes.
- A aplicação de defensivos é comprometida, sendo necessária a correção do pH da água em diversas caldas, além do risco de entupimento de bicos devido às impurezas.
- Solo salinizado e pobre, que dificulta a absorção de nutrientes e desenvolvimento radicular.
- Equipamentos de irrigação enferrujando e entupindo os bicos, deteriorando as bombas.
- Problemas de saúde para quem trabalha em contato com água contaminada (Portaria 888), como a bactéria Escherichia coli, que pode causar diversos tipos de infecção, incluindo a urinária.
O que é avaliado na análise da água?
Uma boa análise de água investiga características físicas, químicas e microbiológicas. Entre os principais pontos estão:
- pH (Potencial Hidrogeniônico): O ideal é entre 6,0 e 7,5 para irrigação. Fora dessa faixa, a planta tem dificuldade em absorver nutrientes, defensivos perdem eficiência e equipamentos sofrem corrosão e entupimentos.
- Condutividade Elétrica (CE) e Sólidos Totais Dissolvidos (STD): São indicadores da salinidade da água. Excesso de sais reduz absorção de água, limita o desenvolvimento radicular e altera a estrutura do solo.
- Sódio e Relação de Adsorção de Sódio (RAS): Comum em águas de poço. Excesso compacta o solo e prejudica a oxigenação das raízes.
- Cloreto (Cl⁻): Em alta concentração, pode queimar folhas e reduzir produtividade, sobretudo em variedades mais sensíveis.
- Carbonatos (CO₃²⁻) e Bicarbonatos (HCO₃⁻): Podem entupir sistemas de irrigação e elevar o pH do solo, comprometendo a absorção de micronutrientes.
- Nutrientes Essenciais (N, P, K, Ca, Mg, S): Permitem avaliar presença de elementos que podem complementar a adubação. Nitrogênio em excesso, dissolvido na água consumida por gestantes, pode causar síndrome do “bebê azul”, ou cianose infantil, uma condição em que a pele do bebê fica azulada devido ao sangue com pouca oxigenação.
- Metais Pesados e Contaminantes (chumbo, cádmio, arsênio): Indicadores de poluição da água, representam risco para a lavoura, meio ambiente e saúde humana.
- Coliformes e Parâmetros Microbiológicos: Fundamentais para identificar contaminação, garantindo segurança de trabalhadores e o uso adequado de água de reúso.
A Portaria GM/MS nº 888, de 2021: impacto na agricultura e na potabilidade
A Portaria estabelece os padrões de água potável no Brasil. Embora não trate exclusivamente da irrigação, influencia diretamente a agricultura.
- Mesma fonte para múltiplos usos: Se a água da irrigação também abastece residências ou áreas comuns, precisa ser potável, assegurando saúde e segurança no meio rural.
- Água de reúso na lavoura: Usinas frequentemente utilizam água residual tratada. Ainda que a Portaria nº 888 não se aplique diretamente, seus parâmetros servem como referência de segurança para evitar problemas sanitários.
A água de qualidade e a certificação Bonsucro
A Bonsucro é um selo global de sustentabilidade no setor da cana. Para obtê-lo, é necessário comprovar uso eficiente e responsável da água.
Entre os critérios avaliados estão:
- Análise de pH;
- Sólidos Totais Dissolvidos (STD)
- Nitratos e nitritos;
- Turbidez;
- Metais pesados;
- Fatores biológicos.
Dicas de ouro para o produtor
Quer uma produção de cana eficiente e sem dores de cabeça com a lei? Siga estas recomendações:
- Analise a água regularmente: Pelo menos duas vezes ao ano, preferencialmente em épocas de chuva, ou sempre que houver mudança de fonte ou eventos climáticos extremos.
- Escolha laboratórios de confiança: Dê preferência aos credenciados pelo Inmetro e especializados em análises de potabilidade.
- Converse com um agrônomo ou especialista: A interpretação dos resultados é tão importante quanto os dados em si.
- Use os resultados na gestão da fazenda: Ajuste adubação, melhore irrigação e mantenha documentação para certificações e auditorias.
- Invista em tecnologia sustentável: Irrigação por gotejamento, monitoramento remoto da umidade do solo e reúso de efluentes são exemplos de boas práticas.
Conclusão: Água boa, cana forte, negócio sustentável
Diante da escassez hídrica, da busca por sustentabilidade e da intensificação da fiscalização, a qualidade da água tornou-se um fator estratégico para a agricultura. Não se trata apenas de produtividade, mas também de preservar o solo, proteger trabalhadores e consolidar a imagem do agronegócio brasileiro como referência global.
A análise de água não é mera exigência técnica, mas uma decisão de inteligência produtiva e responsabilidade social. Afinal, quem cuida da água cuida da cana, da terra e do futuro.
Quer saber mais sobre análise de água, melhores práticas agrícolas e como certificações como a Bonsucro podem fortalecer seu negócio? Entre em contato com sua filial e agende uma conversa com um de nossos técnicos.
Antonio Cesar Peghini Junior – Analista de Geotecnologia
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