Uma vitória da organização da classe
As boas notícias para o produtor rural intrinsecamente estão relacionadas a dois fatores. Um deles está relacionado às boas condições climáticas, que sempre terá papel preponderante na qualidade da colheita e na produtividade do canavial. Outro fator também de extrema relevância é a precificação da produção na hora da comercialização.
É ela que irá determinar o retorno de tudo o que foi investido no plantio, seja na preparação do solo, na adubação, no combate às pragas, em pesquisa na busca de novas variedades, no maquinário, na mão-de-obra, enfim, em todas as ações e cuidados que devem ser adotados pelo produtor e que fazem parte de um extenso planejamento agrícola.
Levando em consideração esses dois fatores, é importante frisar que ambos podem levar o produtor ao melhor e ao pior dos mundos. No caso, o mundo dos lucros e o do prejuízo. Em relação às condições climáticas, embora os avanços nas técnicas agrícolas nas últimas décadas possam ser considerados notáveis, a capacidade de interferência humana, no entanto, ainda é muito limitada.
Já no que diz respeito à questão da precificação, a situação é bem diferente. A distância entre um preço justo, que possa não apenas cobrir os gastos relativos à produção, mas torná-la rentável financeiramente, e um preço que não cubra todos esses gastos e investimentos, trazendo o tão temido prejuízo, pode ser definida em uma palavra: organização.
O recente acordo, firmado entre a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (ORPLANA) e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), estabelecendo um processo para a revisão do Consecana-SP (Conselho de Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Etanol do Estado de São Paulo), é um exemplo desta organização.
Só para relembrar. A revisão do Consecana, era uma demanda urgente para os produtores, pois a ausência desta revisão, tem provocado uma defasagem nos preços de comercialização da cana, provocando um desequilíbrio na cadeia produtiva, trazendo sérios prejuízos para os produtores, que em determinados casos se veem obrigados a migrar para outras culturas, ou simplesmente encerram a produção.
Um estudo realizado pela ORPLANA que apontou prejuízos na ordem de R$ 1 bilhão, para os produtores de cana, reforçando, cada vez mais, a necessidade de revisão dos parâmetros do Consecana.
Reverter essa situação era possível? Sim. Desde que, é claro, os produtores de cana, demonstrassem organização. E felizmente foi isso que aconteceu. As entidades representativas dos produtores, vide ORPLANA e demais entidades regionais, se articularam, se uniram, e mostraram o quão os produtores são importantes na cadeia produtiva, do açúcar, etanol e demais derivados da cana-de-açúcar.
A Canaoeste também mostrou vigor. E suas lideranças participaram de incansáveis negociações. Sempre buscando o diálogo, visando a recomposição do equilíbrio e da justiça na cadeia produtiva.
Vale lembrar que a Canaoeste, assim como a ORPLANA, e demais associações de produtores, só conseguiram equilibrar a balança de negociação, porque de fato elas têm representatividade. Ou seja, porque os produtores nelas acreditam, a elas se filiam e fortalecem a sua representatividade.
Fossemos nós uma entidade, que não desfrutasse da confiança do agricultor, certamente, teríamos sucumbido aos interesses da indústria e não teríamos forças para defender as prerrogativas de interesse do produtor de cana.
Valorizamos a necessidade de uma convivência pacífica e acima de tudo justa, entre todos os componentes de nossa cadeia produtiva, pois entendemos que o nosso maior objetivo é trilharmos juntos em defesa de uma produção cada vez mais sustentável, dando assim a nossa contribuição para a preservação da vida em nosso planeta.
Para você, que é nosso associado, o nosso muito obrigado pela confiança. E a você que ainda não está associado, junte-se a nós. Quanto maior a nossa representatividade, maior a nossa capacidade de organização, e maiores serão as nossas conquistas.
Almir Torcato, gestor da Canaoeste