Clima mais equilibrado favorece culturas perenes a partir de 2026

Boletim TempoCampo/Esalq indica neutralidade climática, risco de estiagem no Sul e alívio para café, citros e cana
O Sistema TempoCampo/Esalq, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP), divulgou nesta semana seu boletim climático de setembro, trazendo uma leitura detalhada sobre o comportamento recente do clima no Brasil e as perspectivas para o trimestre. A análise contempla chuvas, temperaturas, umidade do solo e os efeitos potenciais dos fenômenos El Niño e La Niña sobre a agricultura.
Segundo Fábio Marim, professor do Departamento de Engenharia da Esalq/USP, os meses de julho e agosto foram marcados por chuvas escassas, resultando em níveis de umidade do solo bastante baixos em grande parte do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste — um cenário típico para o período seco. Para setembro, a previsão indica precipitações modestas em São Paulo, com maior volume no Paraná, Mato Grosso do Sul, Pará e litoral do Nordeste. Já regiões como Goiás, Tocantins e o Matopiba devem continuar praticamente sem chuva.
Os modelos climáticos nacional e norte-americano convergem para um cenário de chuvas dentro da média em setembro, mas outubro e novembro elevam os riscos: o Rio Grande do Sul, o Pará, o extremo norte e partes de Santa Catarina e Paraná podem enfrentar estiagem, enquanto Minas, Bahia e Goiás apresentam tendência mais favorável. Em termos de temperatura, o trimestre deve ficar próximo à média histórica, com setembro ainda registrando anomalias de até 1,5 °C acima do normal.
Para a agricultura, o boletim projeta impactos diferenciados. Culturas perenes como café, citros, pastagens e cana-de-açúcar devem ser beneficiadas pela redução do estresse térmico, em contraste com a safra 2025/26, prejudicada pelo calor intenso e déficit hídrico. “A safra 2026/27 já se beneficia de um ambiente climático mais ameno, o que reduz perdas e aumenta a resiliência das lavouras”, afirma Marim.
No campo dos fenômenos oceânicos, a análise aponta manutenção da neutralidade climática, com possibilidade de uma La Niña fraca e de curta duração entre outubro e dezembro, o que tende a ter impacto limitado sobre chuvas no Sul, Norte e Nordeste. Já a ocorrência de El Niño está praticamente descartada até meados de 2026, com probabilidade inferior a 10%.
A expectativa geral é de um cenário mais otimista para a safra 2026, condicionado ao regime de chuvas do verão. Para os produtores, o alívio climático sinaliza oportunidade de recuperação, especialmente em áreas que sofreram forte impacto em 2024, quando temperaturas extremas reduziram a produtividade de canaviais, cafezais e pomares.
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