Etanol lidera estratégia para segurar preços e impulsionar agro, afirma Geraldo Alckmin

Em um discurso marcado por otimismo e responsabilidade fiscal, o presidente em exercício e vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), reforçou neste domingo (27), durante a cerimônia de abertura oficial da Agrishow 2025, em Ribeirão Preto – SP, a aposta do governo em combustíveis renováveis, crédito agrícola ampliado e integração comercial global como pilares para o fortalecimento do agronegócio e da economia brasileira.
Abrindo sua fala com destaque ao etanol, Alckmin citou o programa Combustível do Futuro, ressaltando a importância estratégica do biocombustível no cenário econômico atual. Segundo ele, o preço competitivo do etanol tem sido fundamental para conter a alta dos combustíveis derivados de petróleo, beneficiando diretamente o consumidor brasileiro e ajudando no controle da inflação.
“Hoje, o etanol anidro corresponde a 27% da gasolina no Brasil — nenhum outro país do mundo tem essa proporção. Com os testes positivos já realizados, podemos avançar para 30% e, futuramente, para 35%, o que além de garantir eficiência, manterá os preços estáveis na bomba”, afirmou. “Neste momento, o etanol está mais barato que a gasolina, o que ajuda a segurar os preços dos combustíveis e impacta positivamente toda a cadeia de consumo”, ressaltou.
Alckmin também destacou a evolução do biodiesel no Brasil, cuja mistura obrigatória no diesel saltou de 10% para 14%. “Somos o único país do mundo com essa proporção de biodiesel. Essa estratégia gera emprego, agrega valor à agroindústria, e principalmente, reduz a dependência de importação de diesel dos Estados Unidos, num momento em que o protecionismo comercial aumenta”, salientou.
A aposta em fontes renováveis, segundo o vice-presidente, é parte essencial da estratégia para consolidar o Brasil como referência mundial tanto em segurança alimentar quanto em segurança energética, posicionando o país como protagonista no combate às mudanças climáticas.
Plano Safra ampliado e novo crédito para inovação
O presidente em exercício confirmou que o governo trabalha para ampliar o volume de recursos do próximo Plano Safra 2025/2026, superando os R$ 400,5 bilhões destinados na edição anterior. “Vamos elevar o valor do Plano Safra para atender ao crescimento da produção, mas isso exigirá um reforço expressivo na equalização dos juros, que seguem elevados devido à taxa Selic, hoje em 14,25% ao ano”, explicou.
Além disso, Alckmin anunciou a criação de uma nova linha de crédito de R$ 80 bilhões pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com juros de apenas 4% ao ano, voltada exclusivamente para projetos de tecnologia, modernização e inovação no campo. “Queremos fomentar a agricultura 4.0, com mais eficiência, produtividade e sustentabilidade”, afirmou.
Indústria de máquinas agrícolas em expansão
O bom momento do agronegócio já se reflete no desempenho da indústria de máquinas e equipamentos agrícolas. Segundo Alckmin, o setor, que tinha previsão de crescimento de 8% para este ano, registrou alta de 24% no último mês. O programa Mover, que concede depreciação acelerada para a renovação de máquinas, tem estimulado o investimento em tecnologia de ponta nas propriedades rurais.
“A inovação tecnológica na produção agrícola é a principal responsável por garantir competitividade ao Brasil, especialmente diante do cenário de mudanças climáticas e exigências ambientais globais cada vez mais rigorosas”, destacou o vice-presidente.
Durante a Agrishow, Alckmin também abordou os riscos da crescente onda de protecionismo comercial e guerras tarifárias em nível mundial. Para ele, a estratégia mais segura para o Brasil é apostar no multilateralismo e na construção de acordos de livre comércio, com destaque para o aguardado Acordo Mercosul-União Europeia.
“O protecionismo não favorece nenhum país. O Brasil deve buscar sempre a ampliação de mercados com regras claras e justas”, defendeu. Ele reforçou que o novo ambiente comercial pode beneficiar ainda mais o agronegócio brasileiro, abrindo portas para novos destinos de exportação e consolidando o país como líder global em produção de alimentos e bioenergia.
Para aproveitar essas novas oportunidades externas, Alckmin citou novamente o papel do BNDES, que estruturou linhas de financiamento específicas para exportações, com crédito em dólar a custos menores. Contudo, alertou que é essencial que os exportadores brasileiros adotem estratégias de proteção cambial (hedge) para se blindar contra variações do mercado financeiro.
“Quem atua no comércio internacional precisa estar preparado para oscilações do câmbio. O financiamento em dólar é uma excelente alternativa, mas é preciso gestão de risco para assegurar a rentabilidade das operações”, orientou.
O vice-presidente destacou ainda que a próxima safra brasileira deve ser recorde, consolidando o Brasil como um dos grandes provedores globais de alimentos.
30ª edição da Agrishow
O evento desde domingo foi reservado para autoridades e convidados e será aberto ao público nesta segunda-feira (28), seguindo até o dia 2 de maio.
Em sua 30ª edição, a feira traz neste ano o tema “O Futuro do Agro de A a Z”.
Também participaram da cerimônia de abertura os governadores Ronaldo Caiado (União-GO) e Romeu Zema (Novo-MG). Guilherme Piai, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, também participou representando o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos), que está em viagem à Europa e deve visitar a feira na terça-feira (29).
A expectativa em torno da edição 2025 é alta. Em 2024, a Agrishow encerrou suas atividades com R$ 13,608 bilhões em intenções de negócios, um crescimento de 2,4% em relação à edição anterior. Neste ano, a meta é ainda mais ambiciosa: superar R$ 15 bilhões em negócios gerados durante o evento.
O impacto econômico para Ribeirão Preto também será expressivo. A organização estima que aproximadamente 200 mil visitantes, de mais de 50 países, circulem pelo local ao longo da semana. A movimentação deve injetar cerca de R$ 500 milhões na economia da cidade, com gastos relacionados a transporte, hospedagem, bares, restaurantes, compras no comércio local, atividades culturais, entretenimento e turismo.
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