Cenário internacional impulsiona custos no Brasil e deteriora relações de troca para milho e soja

O mercado global de fertilizantes manteve em junho a trajetória de valorização iniciada no mês anterior, embora com intensidade distinta entre os produtos. O destaque ficou por conta do TSP (superfosfato triplo), que registrou avanço expressivo de 18,4%, movimento ainda atrelado às restrições chinesas às exportações de fósforo, em função da forte demanda doméstica do país asiático pela indústria de baterias para veículos elétricos.

Entre os nitrogenados, o DAP e a ureia também apresentaram altas relevantes, de 6,9% e 7,3%, respectivamente, refletindo a recente escalada dos preços internacionais de petróleo e gás natural. Já o cloreto de potássio (KCl) mostrou estabilidade, após o leve aumento do mês anterior.

No Brasil, esses movimentos internacionais se traduziram em forte alta nos preços de importação, com destaque para a ureia (+11,3%) e os fosfatados (+12,9%), enquanto o KCl avançou de forma mais tímida (+1,2%).

Esse quadro, somado à queda significativa das cotações domésticas de grãos, resultou em uma deterioração histórica das relações de troca, especialmente crítica para produtores de milho e soja. No caso do milho, as trocas frente à ureia e aos fosfatados alcançaram algumas das piores marcas do histórico recente. Para a soja, a pressão também foi intensa, com perdas relevantes frente a esses insumos.

Apesar das dificuldades, o consumo doméstico de fertilizantes segue robusto. Até abril, as entregas internas acumulavam alta de 10,7% no ano, sinalizando que a demanda permanece firme mesmo diante do aumento expressivo dos custos no mercado internacional.