Maersk amplia testes com etanol e prepara nova etapa para diversificar rota de descarbonização
Avanço para mistura 50/50 com metanol reforça estratégia de múltiplos combustíveis e abre espaço para biocombustíveis globais
A Maersk deu um novo passo em sua estratégia de ampliar as opções de combustíveis de baixo carbono ao iniciar testes com uma mistura de 50% de etanol e 50% de metanol no navio Laura Mærsk, o primeiro porta-contêineres com motor bicombustível projetado para operar com metanol. A decisão segue ensaios realizados no fim de 2024, quando a empresa dinamarquesa testou um blend E10, 10% etanol e 90% e-metanol, validando segurança, estabilidade operacional e compatibilidade com o motor dual fuel.
O projeto agora avança para avaliar como misturas mais altas de etanol se comportam em termos de ignição, eficiência e manutenção de propriedades críticas, como lubrificação e corrosividade. A hipótese técnica parte do fato de que etanol e metanol pertencem ao mesmo grupo químico e compartilham características que facilitam o uso conjunto. Segundo a empresa, o desempenho observado no E10 sinaliza que misturas superiores podem ser aplicadas sem comprometer a performance.
“Na Maersk, acreditamos que múltiplas rotas de combustível são essenciais para que o setor alcance suas metas climáticas. Explorar diferentes alternativas faz parte dessa construção”, afirmou Emma Mazhari, head de Energy Markets.
Expansão dos testes e novos critérios de sustentabilidade
A companhia vê no etanol, especialmente o anidro usado globalmente em misturas com gasolina, uma solução com escala, infraestrutura consolidada e oferta relevante em mercados como Estados Unidos e Brasil, que juntos respondem por cerca de 80% da produção mundial. A avaliação interna também considera critérios de sustentabilidade, como rastreabilidade da matéria-prima, emissões ao longo do ciclo de vida e ausência de impacto sobre expansão agrícola não controlada.
A ampliação dos testes inclui ainda a preparação de um ensaio com 100% de etanol, etapa que pretende mensurar limites operacionais do motor e mapear efeitos sobre consumo e combustão. Na prática, a empresa busca ampliar a flexibilidade de abastecimento de sua frota de navios bicombustíveis, reduzindo riscos de dependência de um único insumo e criando alternativas em um mercado global ainda em formação.
A estratégia se conecta ao plano de renovação da frota. Desde 2021, a companhia passou a encomendar apenas embarcações com capacidade dual fuel. A expectativa é que, em 2025, 19 navios desse tipo estejam operando. Hoje, o portfólio de combustíveis de baixa emissão da Maersk inclui bio e e-metanol, biodiesel e, a partir de 2027, biometano liquefeito, além do uso de GNL como opção fóssil de transição.
Para Emma, o avanço nos testes representa mais que uma etapa técnica. “Ao elevar gradualmente a participação do etanol, acumulamos conhecimento essencial para decisões de suprimento e para o desenvolvimento de tecnologias capazes de apoiar a transição energética do transporte marítimo”, afirmou.
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